quarta-feira, 6 de junho de 2012

ORÁCULOS

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Ontem li a redacção do Dr. Soares no “Diário de Notícias” e não me saem da cabeça os gregos, falidos mas indígenas do berço da civilização. Aliás, já hoje falei de Arquimedes de Siracusa e de como o volume de água deslocada pelo seu rabo produziu tanta e rigorosa matéria científica.
Os tais gregos que procriaram a civilização eram os eleitos da humanidade. E porque digo isto? Porque os helénicos tinham um serviço de informação à maneira – nada dessa tosquice do SIED e pessegadas afins, a espreitar pelo buraco das fechaduras e a trocar boatos em lojas da Maçonaria. Na Grécia antes do Euro, havia os oráculos, isso sim, serviços de informação a valer.
O cidadão chegava ao sopé do Monte Parnaso, onde estava implantado o templo que era o Oráculo de Delfos, interrogava o intermediário com a divindade, também ele, ou ela, chamado oráculo e recebia a resposta, também ela chamada oráculo. Terminologia mais singela não pode haver. E quanto à resposta? Bem, isso era complicado. É que os deuses da Grécia, berço da civilização, já na altura eram um nadinha difíceis de entender. Exemplifiquemos para se perceber melhor o que digo. Imagine-se que chegava lá o Senhor Evangelos Venizelos e perguntava ao oráculo, através do oráculo, qual era o oráculo dos deuses para a saída da Grécia da Eurozona. A resposta era habitualmente uma coisa do género: “A Grécia deve abandonar o Euro, se o Euro abandonar a Grécia”. Estão a ver? Resposta enigmática a carecer de leitura interpretativa dum iniciado em Oraculogia, digo eu.
E ainda há oraculogistas? - perguntar-se-á. Então não está mesmo na cara que há! Primeiro falo dos menos importantes que são os politólogos, especialistas capazes de prever o que o Senhor Obama vai decidir amanhã, no preciso momento em que o Senhor Obama não tem uma pálida ideia do que vai decidir amanhã.
Mas oraculogistas maiores, mesmo máximos diria, são os economistas. Eles lêem nas estrelas os oráculos das divindades sobre as economias com a nitidez do vidro fosco ou martelado. Dividem-se em três categorias: os que interpretam os oráculos; os que explicam porque falharam as interpretações dos oráculos; e os que fazem novas interpretações fundadas em teorias elaboradas pelos primeiros. É uma ciência muito complexa e difícil em que o nosso Presidente é expoente.
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