Ontem li a redacção do Dr. Soares no “Diário de Notícias”
e não me saem da cabeça os gregos, falidos mas indígenas do berço da
civilização. Aliás, já hoje falei de Arquimedes de Siracusa e de como o volume
de água deslocada pelo seu rabo produziu tanta e rigorosa matéria científica.
Os tais gregos que procriaram a civilização eram os
eleitos da humanidade. E porque digo isto? Porque os helénicos tinham um
serviço de informação à maneira – nada dessa tosquice do SIED e pessegadas
afins, a espreitar pelo buraco das fechaduras e a trocar boatos em lojas da
Maçonaria. Na Grécia antes do Euro, havia os oráculos, isso sim, serviços de
informação a valer.
O cidadão chegava ao sopé do Monte Parnaso, onde estava implantado
o templo que era o Oráculo de Delfos, interrogava o intermediário com a
divindade, também ele, ou ela, chamado oráculo e recebia a resposta, também ela
chamada oráculo. Terminologia mais singela não pode haver. E quanto à resposta?
Bem, isso era complicado. É que os deuses da Grécia, berço da civilização, já
na altura eram um nadinha difíceis de entender. Exemplifiquemos para se
perceber melhor o que digo. Imagine-se que chegava lá o Senhor Evangelos
Venizelos e perguntava ao oráculo, através do oráculo, qual era o oráculo dos
deuses para a saída da Grécia da Eurozona. A resposta era habitualmente uma
coisa do género: “A Grécia deve abandonar o Euro, se o Euro abandonar a Grécia”.
Estão a ver? Resposta enigmática a carecer de leitura interpretativa dum
iniciado em Oraculogia, digo eu.
E ainda há oraculogistas? - perguntar-se-á. Então não
está mesmo na cara que há! Primeiro falo dos menos importantes que são os politólogos,
especialistas capazes de prever o que o Senhor Obama vai decidir amanhã, no
preciso momento em que o Senhor Obama não tem uma pálida ideia do que vai
decidir amanhã.
Mas oraculogistas maiores, mesmo máximos diria, são os
economistas. Eles lêem nas estrelas os oráculos das divindades sobre as
economias com a nitidez do vidro fosco ou martelado. Dividem-se em três
categorias: os que interpretam os oráculos; os que explicam porque falharam as
interpretações dos oráculos; e os que fazem novas interpretações fundadas em
teorias elaboradas pelos primeiros. É uma ciência muito complexa e difícil em
que o nosso Presidente é expoente.
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