Steven M. Kosslyn é psicólogo
na Universidade de Harvard e um homem
engraçado. Kosslyn tem uma teoria que não pode provar mas em que acredita; ou
seja, tem um palpite. E tal palpite é como tentarei explicar.
A actividade mental
é indiscutivelmente fruto da função cerebral.
No limite, pode dizer-se ser o que o
cérebro faz. Mas Kosslyn diz que não pensamos só com o nosso cérebro: pensamos também com os cérebros das outras
pessoas. O cérebro é muito limitado e carece de muletas para imensas
coisas. Por exemplo, se queremos saber quanto é 756 vezes 312, vemo-nos
atrapalhados sem papel e lápis, ou uma calculadora. Tais acessórios são, na
verdade, próteses do cérebro sem as quais
temos muitas dificuldades na vida.
Mas as próteses não
são só deste tipo. As principais próteses cerebrais que usamos são os cérebros
das outras pessoas. Os casamentos bem sucedidos são um bom exemplo, mas há mais,
como as associações culturais, as recreativas, os clubes desportivos, os grupos
religiosos, as confrarias e por aí fora.
São o que Kosslyn chama os Sistemas de Prótese Social (SPS).
E todo aquele que serve
de muleta psíquica, que somos quase todos se não todos, adapta a mente a esse propósito, quase sempre
inconscientemente, e muda a mente própria no interesse do outro; ou seja,
empresta-lhe parte da actividade cerebral. Assim, com tais mecanismos, a nossa mente passa a ser
fruto do nosso cérebro e também de outros cérebros do SPS. Quando o corpo morre, podemos especular se parte da mente
sobrevive, ou não, nos cérebros de outras pessoas. É complicado, com
implicações religiosas, mas curioso bastante para pensar na matéria. Sim
senhor.
.
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