quarta-feira, 13 de junho de 2012

PRÓTESES CEREBRAIS

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Steven M. Kosslyn é psicólogo na Universidade de Harvard  e um homem engraçado. Kosslyn tem uma teoria que não pode provar mas em que acredita; ou seja, tem um palpite. E tal palpite é como tentarei explicar.
A actividade mental é indiscutivelmente  fruto da função cerebral. No limite, pode dizer-se ser o  que o cérebro faz. Mas Kosslyn diz que não  pensamos só com o nosso cérebro:  pensamos também com os cérebros das outras pessoas. O cérebro é muito limitado e carece de muletas para imensas coisas. Por exemplo, se queremos saber quanto é 756 vezes 312, vemo-nos atrapalhados sem papel e lápis, ou uma calculadora. Tais acessórios são, na verdade,  próteses do cérebro sem as quais temos muitas dificuldades na vida.
Mas as próteses não são só deste tipo. As principais próteses cerebrais que usamos são os cérebros das outras pessoas. Os casamentos bem sucedidos são um bom exemplo, mas há mais, como as associações culturais, as recreativas, os clubes desportivos, os grupos religiosos, as confrarias  e por aí fora. São o que Kosslyn chama os Sistemas de Prótese Social (SPS).
E todo aquele que serve de muleta psíquica, que somos quase todos se não todos, adapta a mente a esse propósito, quase sempre inconscientemente, e muda a mente própria no interesse do outro; ou seja, empresta-lhe parte da actividade cerebral. Assim,  com tais mecanismos, a nossa mente passa a ser fruto do nosso cérebro e também de outros cérebros do SPS. Quando o corpo  morre, podemos especular se parte da mente sobrevive, ou não, nos cérebros de outras pessoas. É complicado, com implicações religiosas, mas curioso bastante para pensar na matéria. Sim senhor.
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