[…] Após o elogio do primeiro-ministro à
"paciência" dos portugueses, no máximo uma redundância infantil, D.
Januário [Torgal Ferreira] apareceu logo a comparar o dr. Passos Coelho a Salazar
(um clássico) e a sugerir (ou, no seu estilo quase frontal, a quase sugerir)
que o povo saísse à rua em alvoroço.
D. Januário é assim: passa os dias à espera de um
pretexto para apelar a gestos dramáticos das massas. E se é verdade que as
massas não lhe ligam nenhuma, também é verdade que D. Januário nem precisa de
pretexto: qualquer coisa - uma frase infeliz, uma frase neutra, um espirro -
fomenta a alegada revolta da criatura.
Escusado acrescentar, a criatura está no seu direito. Só
não percebo como é que tamanha irreverência mantém D. Januário confinado a dois
estabelecimentos tão institucionais e em geral circunspectos quanto a Igreja e
a tropa. Por outro lado, não percebo porque é que a Igreja e a tropa mantêm D.
Januário: suponho que tentar promover agitações colectivas não seja uma das
funções do bispo das Forças Armadas. Só não me perguntem que funções são essas:
não sou crente nem militar. Mesmo que fosse, suspeito que não saberia a
resposta. […]
Alberto Gonçalves in “Diário de Notícias”
Comparar Passos Coelho a Salazar é ridículo e um
absurdo. A Igreja não se pode rever nesta tonteria.
Marques Mendes na TVI
.
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