É este um conceito tosco — uma entidade com a grandeza ontológica desta é só "meia eterna"! As coisas não podem ser tão simples assim. Embora Aristóteles sempre o considerasse eterno, já na altura muitos pensadores islâmicos pensavam que tinha tido uma origem e era finito no passado. Até S. Tomás de Aquino, apesar da Igreja declarar a finitude passada como matéria de fé, ia dizendo que tal nunca poderia ser provado filosoficamente.
Mesmo a eternidade futura é complicada na perspectiva da
Física, dada a condição de permanente expansão do universo, a uma velocidade
inimaginável. Espaço não faltará, mas a densidade dos corpos tende para qualquer
coisa com tal vazio que é fisicamente difícil de compreender.
Paralelamente, há outra proposta bem interessante, que
diz como segue. O Big Bang não é fenómeno que tenha ocorrido uma vez sem
exemplo — ocorre repetidamente no espaço, originando novos universos, criando o
que se chama multi-universos. E estes não se expandem necessariamente sempre — chegam
a um ponto em que colapsam, regressando à origem, a partícula com toda a massa
e energia, anterior ao Big Bang (Figura de cima). É o Big Crunch — difícil de traduzir, sendo to crunch
mastigar ou esmagar. E será possível, a seguir ao Big Crunch, que ocorra um
fenómeno de "ressaca", ou "ricochete" — o Big Bounce —
iniciando a formação de novo universo (Figura em baixo). Este em que vivemos, por exemplo,
poderia ser resultado, há 14 mil milhões de anos, de um Big Bounce, na sequência
de um Big Crunch de outro universo anterior ao nosso. É a Teoria do Universo
Oscilante, repetido ad infinitum. Tal teoria tem a lacuna de não prever como
surge a força repulsiva, contrária à gravitacional, que permite passar do "crunch"
para o "bounce"; mas isso também não está claro no Big Bang.
Fica ainda no ar a questão da existência só deste
universo, ou de vários universos. No começo do Século XX pensava-se que
universo era a Via Láctea. Hoje sabemos que a Via Láctea é apenas umas das
centenas de milhares de milhões de galáxias do universo que conseguimos ver — provavelmente,
há muitas mais que não vemos. A surpresa não seria grande se houvesse muitos
mais milhares de milhões de universos. Porque não?, pergunta-se.
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