domingo, 12 de agosto de 2012

'BIG BANG' 'BIG CRUNCH' 'BIG BOUNCE'

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Comparado com o cosmos eterno da antiguidade, o nosso é uma criança, com menos de 14 mil milhões de anos. Significa isto que o universo não é eterno? Provavelmente não é, em termos de início — o que é discutível, como veremos. Ou seja, será infinito no futuro, mas finito na origem — logo, não é infinito de todo.
É este um conceito tosco — uma entidade com a grandeza ontológica desta é só "meia eterna"! As coisas não podem ser tão simples assim. Embora Aristóteles sempre o considerasse eterno, já na altura muitos pensadores islâmicos pensavam que tinha tido uma origem e era finito no passado. Até S. Tomás de Aquino, apesar da Igreja declarar a finitude passada como matéria de fé, ia dizendo que tal nunca poderia ser provado filosoficamente.
Mesmo a eternidade futura é complicada na perspectiva da Física, dada a condição de permanente expansão do universo, a uma velocidade inimaginável. Espaço não faltará, mas a densidade dos corpos tende para qualquer coisa com tal vazio que é fisicamente difícil de compreender.
Muitos grandes da ciência, como Galileu, Newton e Einstein, nunca tiveram problemas em aceitar a infinitude passada e futura. Mas há hipóteses interessantes acerca disto. Thomas Gold, Hermann Bondi e Fred Hoyle formularam a hipótese que permitiria ao universo sobreviver à constante "diluição" física que ocorre. Chama-se a teoria em inglês Steady-State Universe, que traduzirei por "Universo Sustentado", em que o fenómeno da expansão será compensado pela permanente criação de massa e energia, a cargo do que chamam o "campo da criação". É pouco aceite pelos cosmologistas esta ideia.
Paralelamente, há outra proposta bem interessante, que diz como segue. O Big Bang não é fenómeno que tenha ocorrido uma vez sem exemplo — ocorre repetidamente no espaço, originando novos universos, criando o que se chama multi-universos. E estes não se expandem necessariamente sempre — chegam a um ponto em que colapsam, regressando à origem, a partícula com toda a massa e energia, anterior ao Big Bang (Figura de cima). É o Big Crunch — difícil de traduzir, sendo to crunch mastigar ou esmagar. E será possível, a seguir ao Big Crunch, que ocorra um fenómeno de "ressaca", ou "ricochete" — o Big Bounce — iniciando a formação de novo universo (Figura em baixo). Este em que vivemos, por exemplo, poderia ser resultado, há 14 mil milhões de anos, de um Big Bounce, na sequência de um Big Crunch de outro universo anterior ao nosso. É a Teoria do Universo Oscilante, repetido ad infinitum. Tal teoria tem a lacuna de não prever como surge a força repulsiva, contrária à gravitacional, que permite passar do "crunch" para o "bounce"; mas isso também não está claro no Big Bang.
Fica ainda no ar a questão da existência só deste universo, ou de vários universos. No começo do Século XX pensava-se que universo era a Via Láctea. Hoje sabemos que a Via Láctea é apenas umas das centenas de milhares de milhões de galáxias do universo que conseguimos ver — provavelmente, há muitas mais que não vemos. A surpresa não seria grande se houvesse muitos mais milhares de milhões de universos. Porque não?, pergunta-se.
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