Vivemos uma época
de hipérboles. António Capucho, antigo autarca de Cascais, considera absurdo
que se extinga a Fundação Paula Rego, quer porque a dita "não recebe um
tostão de incentivos do Estado", quer porque a extinção será uma
"selvajaria tão grave como os talibã a deitarem abaixo com tiros de
morteiro as estátuas do Buda".
Antes de mais,
informo que nada me move contra a sra. Rego, excelente alternativa para quem,
por diversos motivos, não possa ou não queira desfrutar das pinturas de
Balthus, o franco-polaco que plagiou a luso-britânica ainda esta não tinha
nascido. Dito isto, o dr. Capucho exagera.
Primeiro, é
ligeiramente abusivo arredondar para zero os apoios à Fundação, os quais,
segundo a imprensa, chegaram aos 1,2 milhões de euros entre 2008 e 2010.
Sobretudo é um bocadinho excessivo misturar no mesmo saco uma mera decisão
administrativa e a destruição dos budas, a menos, claro, que os óleos da sra.
Rego acabem incinerados em praça (ou praceta) pública.
Se o dr. Capucho
não aprecia o Governo, saiba que conta comigo. Apenas penso que confundir
tolices menores com as piores patifarias da História retira legitimidade às
críticas ou, o que é pior, relativiza as patifarias. Eu, por exemplo, também
não gosto de governos que, apesar da retórica da poupança, eliminam meia dúzia
de fundações fundadas no oportunismo e preservam centenas de outras em
condições idênticas, mas não acho a decisão equivalente à Grande Marcha do
camarada Mao. E não gosto de "personalidades" da "cultura"
que, não obstante facturarem fortunas, recorrem sempre que possível ao dinheiro
das massas para exibir a criatividade que as massas não alcançam, mas não as
acho semelhantes a Charles Manson. E de certeza detesto políticos despeitados
por não verem aproveitado o seu imenso génio nas instâncias do poder, mas não
os comparo a Trotsky. De agora em diante, comparo-os ao dr. Capucho.
Alberto Gonçalves
in "Diário de Notícias"
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Para ajudar a ocupar o tempo de lazer das merecidas férias dos leitores, organizei e publico em cima um pequeno quadro do tipo "descubra as diferenças" — seis pinturas são de Paula Rego e as outras seis são de Balthazar Klossowski de Rola, conhecido por Balthus no meio artístico (1908-2001). A ideia é identificar as que são de Balthus e as que são de Paula Rego. É apenas um exercício cultural e não tem nada a ver com o facto de eu achar a pintura de Paula Rego um horror. (Não tenho prémios para oferecer a quem acertar)
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