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Steven Ozment é professor de História na Universidade de
Harvard, autor do livro "The Serpent and the Lamb" e escreve no
"New York Times". Ontem publicou um artigo de opinião sobre Merkel.
Segundo Ozment, Merkel — filha dum pastor luterano da
antiga Alemanha do Leste — será profundamente influenciada na política pela formação religiosa. Lutero teria opiniões próprias sobre os pobres e a caridade.
Considerava que cuidar dos pobres era uma obrigação cívica, mas propunha a
organização em cada cidade duma caixa, ou fundo, com receita originada nas
ofertas dos fieis, fundo esse que geria a ajuda aos pobres até estes serem capazes
de recuperar da pobreza; esperando-se que, quando tal acontecesse, viessem eles
também a contribuir para o fundo, ou a ajudar o vizinho necessitado, como dizia
especificamente. A esmola individual directa — fiel/pobre — não estava prevista
nem era bem vista, pois seria o estímulo à irresponsabilidade de quem a
recebia.
Diz Ozment que Merkel rejeita as euro-obrigações, não
porque isso seja visto como dar dinheiro a pobres que não merecem, mas porque
não contribui para a que os países em dificuldades que as usem, como a Grécia, Portugal,
Espanha e por aí fora, se redimam e tomem juízo no futuro — será, sobretudo,
uma posição determinada por um propósito didáctico, ou educativo.
Por isto, Merkel tornou-se aos olhos da Europa a "Rainha
da Austeridade", mas não se importa. Admite que a austeridade é o caminho
mais penoso para salvar as nações, mas acrescenta ser a maneira mais segura
de recuperar a sua economia e emancipá-las. Segundo Ozment, Lutero não
diria melhor!
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