domingo, 5 de agosto de 2012

GUERRAS DE ALECRIM E MANJERONA

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Em 1927, George Lemaître, padre belga e professor da Universidade de Lovaina, admitiu que o universo tivesse origem num "átomo" com energia infinitamente concentrada, fenómeno que viria a ser chamado de Big Bang por Fred Hoyle. Dois anos depois, Edwin Hubble, astrónomo americano, deu consistência à teoria de Lemaître, ao observar a expansão do universo, com as galáxias permanentemente a afastarem-se.
A Igreja rejubilou e Pio XII, em 1921, dizia que a nova teoria da origem  cósmica correspondia ao Fiat lux bíblico, com matéria e luz a surgirem do nada — houve criação, logo havia criador.
Nas hostes do ateísmo, os dentes rangeram, especialmente dos marxistas para quem a eternidade da matéria era indiscutível, de acordo com a teoria do materialismo dialéctico de Lenin. Ouviram-se e escreveram-se palavras de traição e traidores um pouco em todo o lado. Sir Arthur Edington, decano dos astrónomos eructou, urbi et orbi, que a ideia do princípio do universo era repugnante e a teoria do Big Bang o deixava "gelado".
Na realidade,  muita exaltação para nada porque a teoria nem confirmava a visão religiosa, nem infirmava a posição dos ateus — tinha-se apenas esclarecido parte pequena do mistério do universo. Guerras de Alecrim e Manjerona alimentadas por espíritos tacanhos que tinham obrigação de ser um nadinha mais elevados. A paixão cega os mais esclarecidos. Sobretudo os mais esclarecidos, às vezes!  
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