Em 1927, George Lemaître, padre belga e professor da
Universidade de Lovaina, admitiu que o universo tivesse origem num "átomo"
com energia infinitamente concentrada, fenómeno que viria a ser chamado de
Big Bang por Fred Hoyle. Dois anos depois, Edwin Hubble,
astrónomo americano, deu consistência à teoria de Lemaître, ao observar a
expansão do universo, com as galáxias permanentemente a afastarem-se.
A Igreja rejubilou e Pio XII, em
1921, dizia que a nova teoria da origem
cósmica correspondia ao Fiat lux bíblico, com matéria e luz a surgirem
do nada — houve criação, logo havia criador.
Nas hostes do ateísmo, os dentes rangeram,
especialmente dos marxistas para quem a eternidade da matéria era indiscutível,
de acordo com a teoria do materialismo dialéctico de Lenin. Ouviram-se e
escreveram-se palavras de traição e traidores um pouco em todo o lado. Sir
Arthur Edington, decano dos astrónomos eructou, urbi et orbi, que a ideia do princípio
do universo era repugnante e a teoria do Big Bang o deixava
"gelado".
Na realidade, muita exaltação para nada porque a teoria nem
confirmava a visão religiosa, nem infirmava a posição dos ateus — tinha-se apenas
esclarecido parte pequena do mistério do universo. Guerras de Alecrim e
Manjerona alimentadas por espíritos tacanhos que tinham obrigação de ser um
nadinha mais elevados. A paixão cega os mais esclarecidos. Sobretudo os mais
esclarecidos, às vezes!
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