terça-feira, 16 de outubro de 2012

A JUSTIÇA É INTEMPORAL

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O Ministério Público (MP) defendeu hoje que a condenação de Isaltino Morais a dois anos de prisão efectiva já transitou em julgado e que as decisões da Relação de Lisboa e do Supremo Tribunal já deveriam ter sido executadas.
O MP acha que as decisões condenatórias, penal e cível, respectivamente, da Relação de Lisboa e do Supremo Tribunal de Justiça, são imutáveis, não podem ser afrontadas por quaisquer outras decisões judiciais e já deviam estar em execução.
Peço desculpa, mas não é bem assim—também tenho uma palavra a dizer, embora o caso não me diga respeito.
Quem, por exemplo, ouviu o parecer do Conselho de Segurança da ONU? Ou da Assembleia-Geral da mesma? Ninguém! Os senhores magistrados do MP não se precipitem, na ânsia de fazer justiça, porque esta deve ser ponderada—é preciso dar o benefício da dúvida até ao fim, mesmo esperando pelo Juízo Final, se necessário. Porque não?
Imaginem que, de repente, o caso Isaltino se revela mais um "afim"? E depois, que fazer? Em minha modesta opinião, é melhor aguardar, até porque o causídico do autarca foi à Repartição de Finanças de Oeiras pedir umas certidões de bom comportamento e fez as diligências necessárias e muito assisadas para tudo começar novamente do princípio, isto é, lá pelos meados do Século XX. A justiça, senhores magistrados, é intemporal. Há casos da Grécia antiga que ainda andam em juízo—vejam o Sócrates. Envenenado com cicuta e, não obstante, ainda há pouco tempo um tribunal da margem Sul ordenou a extracção duma certidão para eventual reabertura do seu processo! E Sócrates já morreu há mais de 2.400 ano, vejam lá! Nestas coisas é preciso ter calma.
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