quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A QUE HORAS ACORDAM OS LUSITANOS ?

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Já disse aqui vezes de mais que Tozé Seguro é uma espingarda de repetição e de pederneira, porque todas as escopetas de carregar pela boca são assim.
Passos Coelho não é tanto de carregar pela boca, mas não anda longe—também é de repetição e encrava muito, especialmente quando é preciso enfrentar os espíritos malignos que vagueiam por Portugal e comem tudo para perdição das nossas finanças.
Hoje foi dia de representação em S. Bento de mais um acto da tragédia grega que é a nossa e fizeram-se discursos inflamados e grandiloquentes, para me servir do estilo de Baptista Bastos. As coisas não correram mal, se excluirmos as intervenções de Tozé, a quem se aplica em pleno o escrito de Alberto Gonçalves do passado Domingo no DN: " Em seis miraculosos anos, o PS conseguiu duplicar a tendência para o desastre lentamente acumulada nas décadas anteriores e enfiar a pátria amada na bancarrota e na dependência de esmolas caríssimas. Em circunstâncias ideais, a derrota eleitoral de 2011 teria lançado os autores da façanha para um justificado limbo ou, no que respeita aos principais responsáveis, para a cadeia. Em Portugal, quase (quase) todos andam aí, a instruir os incréus sobre a arte de bem governar e a recriminar, com voz pungida, a má governação". Tal e qual—Tozé sabe muito bem como se sai do buraco, não o deixam fazê-lo, e está indignado com a incompetência do Coelho.
Mas não é só Tozé.  O socialista com nome de santo, Francisco Assis, acusou o PSD/CDS de ter "delapidado" no último ano "condições políticas excepcionais" para governar e, "a partir do centro-direita, promover algumas reformas importantes para o país". Tal e qual, digo outra vez! As condições políticas referidas serãopresumoo facto da Pátria se ter visto livre do Zezito, que fugiu e nunca mais ninguém viu, a circunstância da esquerda ter sido substituída pelo "centro-direita"uma favorável conquista política para Assis, segundo parecee, deduzo, o total descrédito do maior partido da oposição que, por um mero acaso é o dele. Aqui, e só aqui, mas especialmente aqui, estou de acordo com Assisde todo; o mais possível.
Coelho deu uma na ferradura e outra também na ferradura, sem acertar no cravo; mas saiu-se melhor do que esperava—os outros nem na pata da cavalgadura acertaram; em especial comunistas e bloquistas, e respectivos  apêndices oficiais e assumidos, com que não gasto bytes.
Em resumo, Coelho não se saiu muito mal naqueles jogos florais. Mas, infelizmente, do que o País mais precisa não é de jogos florais—Portugal carece urgentemente de alguém que o  governe. Parafraseando O'Neill, os portugueses dizem:

Se eu não estivesse a dormir
perguntaria aos políticos
A que horas querem que vos acorde?
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