terça-feira, 2 de outubro de 2012

MAMUTES, FUNDAÇÕES E FRUSTAÇÕES

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Já pensou algum dos que fazem o favor de me ler porque não se clona um mamute, ou outra besta do tempo do arroz de quinze? É sabido que foram encontrados fósseis congelados de mamutes no Árctico, que esses fósseis têm ADN dos mamutes e, consequentemente, será só metê-lo no núcleo dum óvulo e colocar esse núcleo num óvulo vazio, e o óvulo vazio no útero duma elefante—entre outras possibilidades teóricas—para ter um mamute do Século XXI.
Fácil de dizer, mas muito complicado de fazer. O Dr. Akira Iritani, biólogo indiano de 84 anos, há mais de uma década que tenta fazê-lo, em colaboração com japoneses e russos, mas não tem sido brilhante o resultado, por várias razões. O Dr. Iritani tem ADN de mamute em bom estado—tanto quanto é possível—mas não intacto. O gelo produziu lesões em segmentos do ácido nucleico que é preciso reparar, operação muito difícil.
O genoma dos mamutes é muito parecido com o dos elefantes actuais, diferindo apenas em menos de 0,6%; diferença inferior á que se observa  entre o homem e o chimpanzé. Mas produzir um mamute a partir de ADN modificado de elefante é "mamutizar" o elefante, não clonar o mamute.
Além disso, é preciso um óvulo vazio e um útero para o desenvolvimento do ovo que só podem ser, agora sim, duma elefante. Para colher um óvulo de tal espécie, com cerca de dois centímetros de diâmetro, é preciso procurar dentro da fêmea a mais de um metro de distância! Por outro lado, a fêmea só ovula de cinco em cinco anos e, quando tal acontece, o óvulo é quase de imediato fecundado. Ou seja encontrar uma fêmea portadora de óvulo não fecundado é como procurar agulha em palheiro com um quilómetro de altura—não dá! Espero que o Dr. Iritani ainda viva muitos anos mas, mesmo assim, duvido que consiga pôr uma elefante a parir um mamute. Montanhas a parir ratos, já vimos com a extinção das fundações. Mas elefantes a parir mamutes, nem o Governo de Passos Coelho consegue. Não consegue!
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