domingo, 7 de outubro de 2012

PINGOS DE IMPRENSA

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[...] O Governo tramou-se porque mexeu no bolso dos comentadores (políticos, jornalistas e afins). Há um ano, quando um saque ainda maior foi feito aos funcionários públicos e pensionistas, não se ouviu metade da berraria.
Descontando a discussão sobre se o Governo precisa ou não dos milhares de milhões que nos vai cobrar a mais, eu, que vou ver os meus rendimentos altamente depauperados, vejo justiça na solução encontrada. Tão simples como isto: quem ganha mais, vai pagar mais.

Paulo Baldaia in "Diário de Notícias"


[...] A imagem negativa do municipalismo é pública (nos dois sentidos) e a sua congeminação está inteirinha a cargo dos próprios autarcas.
Que se saiba, são eles que contraem dívidas extravagantes, cozinham arranjinhos, servem compinchas, iniciam obras perpétuas, patrocinam "arte" e rotundas, distribuem sacos azuis, arrasam património, dormem com os "agentes" da bola, desfeiam as cidades, negoceiam "cunhas", plantam empresas municipais, passeiam prepotência, inauguram "multiusos" sem uso nenhum, atentam contra a língua portuguesa que enchem de "paulatinamentes" e "alavancagens", prestigiam "certames" engendrados por amigos, mandam os motoristas catar a descendência à escola e, pelo menos num caso, recorrem ao mesmo motorista e ao mesmo transporte financiados por dinheiro alheio para atravessar metade do território pátrio e comparecer, todas as semanas, num debate televisivo (sobre futebol, claro).
A propósito: em funções ou fora delas, um vereador a desfilar no banco traseiro de um automóvel de alta cilindrada pago pelo contribuinte é dos mais fiéis retratos da nossa desgraça. Ali, escolhido pela casta partidária e eleito numa lista de anónimos, não vai apenas uma irrelevância convencida do contrário, nem somente um símbolo do regime, nem sequer uma metástase da triste democracia que jovialmente erguemos: ali vai o país.

Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"

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 [...] Há um sem número de coisas que, como nos casamentos,  criam a união nos países em dificuldades—história comum, guerras travadas em conjunto, filhos comuns, inimigos comuns. Mas a crise económica na União Europeia está a agravar as queixas.
Muita gente na Catalunha e na Flandres, por exemplo, diz que paga mais para o tesouro nacional do que recebe, em particular quando o governo nacional corta nos serviços públicos. Neste sentido, o argumento regional é a miniatura do  argumento nacional na União Europeia, onde as nações ricas do Norte, como a Finlândia, a Alemanha e a Áustria, se queixam de que a sua relativa riqueza e sucesso estão a ser drenados para manter nações como a Grécia, Portugal e Espanha a flutuar [...]

Steven Erlanger in "The New York Times"
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