quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
CITAÇÃO
Há um facto excepcionalmente importante no que respeita à nave espacial Terra: veio sem livro de instruções.
R. Buckminster Fuller
R. Buckminster Fuller
CRÓNICAS DE TIMOR: O CABO DE GUERRA
O Jeep avançava aos zig-zagues e solavancos, escolhendo o condutor os buracos menos fundos da picada, numa louvável tentativa de evitar acabar ali com a já longa carreira da viatura que nem na Coreia tinha visto caminhos assim. Luís Castro, alferes miliciano médico, militar da tropa por imposição e civil por convicção, sentado no banco traseiro, já tinha o rabo calejado pelas selas em que cavalgava quase todas as semanas na demagógica missão de dar assistência clínica aos timorenses residentes atrás do sol posto e que era parte importante do que oficialmente se chamava acção psico-social. [...]
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PASSAGEM DE ANO: A FESTA DA COLHEITA
A noite de passagem de ano é diferente. O primeiro segundo do novo dia é, na realidade, igual a todos os primeiros segundos de cada dia; mas este está carregado da crença de que na nova página do calendário existe qualquer coisa melhor que na página anterior. E diz-nos a História que existe.
Já neste blog citámos Steven Pinker, assinalando a diminuição da violência nos últimos séculos. Mas não é só de diminuição da violência que depende a qualidade da vida, embora tal seja importante. O progresso do conhecimento puro e a sua aplicação ao quotidiano – ciência pura, ciência aplicada e humanidades - tem permitido a melhoria da saúde, mais bem estar social e o aumento do conforto. Só que estas benesses são distribuídas de forma homeopática; tão homeopática que nem nos aprecebemos delas no dia a dia. Por isso, esperamos pelo fim do ano para comemorar o cabaz da colheita dos 365 dias passados, de cujo conteúdo vamos beneficiar no ano seguinte.
Em boa verdade, a festa da passagem do ano enaltece o que vai ser melhor a seguir, fruto do progresso do ano que acaba.
As crises como a que atravessamos são desgraças conjunturais. Não alteram a tendência geral da evolução progressiva da humanidade. São insuficientes para matar o optimismo concentrado desta noite.
Já neste blog citámos Steven Pinker, assinalando a diminuição da violência nos últimos séculos. Mas não é só de diminuição da violência que depende a qualidade da vida, embora tal seja importante. O progresso do conhecimento puro e a sua aplicação ao quotidiano – ciência pura, ciência aplicada e humanidades - tem permitido a melhoria da saúde, mais bem estar social e o aumento do conforto. Só que estas benesses são distribuídas de forma homeopática; tão homeopática que nem nos aprecebemos delas no dia a dia. Por isso, esperamos pelo fim do ano para comemorar o cabaz da colheita dos 365 dias passados, de cujo conteúdo vamos beneficiar no ano seguinte.
Em boa verdade, a festa da passagem do ano enaltece o que vai ser melhor a seguir, fruto do progresso do ano que acaba.
As crises como a que atravessamos são desgraças conjunturais. Não alteram a tendência geral da evolução progressiva da humanidade. São insuficientes para matar o optimismo concentrado desta noite.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
CRÓNICAS DE TIMOR: O "TIMOR GAP" E OS "PETROLEUM PREDATORS"
Timor é terra que deixa marcas em todos quantos por lá passam. Habitada por gente simples e acolhedora, maltratada pela História, tem a beleza da Natureza primitiva genuína. Já em tempos publiquei alguns textos sobre Timor noutros locais. Ultimamente, tenho convivido com um antigo camarada das "guerras timorenses", o que reavivou o interesse pela região. Decidi, por isso, voltar a publicar alguns deles. Neste blog ficarão apenas curtos trechos de cada um e o link para ler os posts na totalidade.
Em Fevereiro de 1942 o Japão desembarcou em Timor uma força de 20.000 homens e ocupou a colónia portuguesa, sem sequer dizer “água vai”. Preparavam-se para lançar dali, o território mais próximo da Austrália, a invasão. Os timorenses, enquadrados por uma companhia de comandos australiana, cujo comandante ainda era idolatrado pelos naturais há 40 anos e tive o privilégio de conhecer pessoalmente já coronel reformado, Bernard Callinan, lutaram heroicamente contra os nipónicos, infligindo-lhes pesadas baixas, e paralisaram o esforço militar japonês. Morreram entre 60 e 70 mil timorenses mas, provavelmente, pouparam a Austrália à guerra no seu território e a muito sofrimento! [...]
Para ler o post na totalidade clique aqui
Em Fevereiro de 1942 o Japão desembarcou em Timor uma força de 20.000 homens e ocupou a colónia portuguesa, sem sequer dizer “água vai”. Preparavam-se para lançar dali, o território mais próximo da Austrália, a invasão. Os timorenses, enquadrados por uma companhia de comandos australiana, cujo comandante ainda era idolatrado pelos naturais há 40 anos e tive o privilégio de conhecer pessoalmente já coronel reformado, Bernard Callinan, lutaram heroicamente contra os nipónicos, infligindo-lhes pesadas baixas, e paralisaram o esforço militar japonês. Morreram entre 60 e 70 mil timorenses mas, provavelmente, pouparam a Austrália à guerra no seu território e a muito sofrimento! [...]
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terça-feira, 29 de dezembro de 2009
OPINIÕES
Nicholas Humphrey é psicólogo e professor na Escola de Investigação Social, em Nova Iorque. Interrogado sobre qual havia sido a mais importante descoberta dos últimos 2.000 anos, respondeu: foram os óculos para a presbiopia, ou seja, a "vista cansada".
E explicou: aumentaram para o dobro a vida activa de quem precisa de ler para trabalhar e de quem faz trabalhos "delicados", evitando que o mundo fosse entregue a pessoas com menos de 40 anos.
E explicou: aumentaram para o dobro a vida activa de quem precisa de ler para trabalhar e de quem faz trabalhos "delicados", evitando que o mundo fosse entregue a pessoas com menos de 40 anos.
CITAÇÃO
Coragem é levantar-se a pessoa e falar. Coragem é também sentar-se e ouvir.
Winston Churchill
Winston Churchill
EXÓTICO
CIÊNCIA 2009: "LARGE HADRON* COLLIDER" NO TOPO DO PÓDIO D' "O DOLICOCÉFALO"
O “Large Hadron Collider” é um fenomenal laboratório pertencente ao CERN, localizado na fronteira entre a Suíça e a França perto de Genebra, a 100 metros de profundidade, com um túnel circular de 27 Km de comprimento onde poderão ser postos em movimento feixes de protões a velocidades incríveis e em sentidos opostos. Têm os investigadores a possibilidade de desencadear choques frontais entre os protões animados de enorme energia cinética, provocando a sua “destruição”. Estes fenómenos passam-se em áreas onde estão instalados sensores para analisar os fenómenos assim desencadeados e as características das partículas geradas. Perguntar-se-á qual a piada desta brincadeira com os protões. Gostaria de falar das partículas antes de responder mas, ainda assim, peço que se imagine um tubo onde se lançam dois morangos em sentido contrário e que do choque entre eles resultam quatro morangos, duas bolotas, uma banana , duas laranjas e um limão. É isso que se espera aconteça no acelerador de partículas do CERN!
Só duas palavras sobre partículas para perceber melhor. Em meados dos anos 30 sabia-se que a matéria era constituída por átomos e estes por um núcleo central onde moram duas espécies de partículas: os protões, com carga eléctrica positiva e, na maioria deles, os neutrões, sem carga eléctrica. Em volta desta estrutura gravitam pequenas partículas com carga negativa, em número igual ao dos protões do núcleo, chamadas electrões. Pensava-se ter chegado à mais pequena estrutura da matéria, mas não.
Por métodos que não interessam agora, chegou-se à conclusão de que havia mais pequeno. Afinal, tudo aquilo é feito de quarks e leptões. São seis exemplares de cada tipo, sendo o electrão um leptão. E essas partículas podem decair e transformar-se. E há ainda um número elevado de partículas que não estão bem estudadas. E, em matéria de massa e energia, têm comportamentos estranhos, não se verificando fronteira nítida entre uma e outra. Com pouca massa e muita energia, podem originar muita massa com menos energia. Daí o exemplo anedótico de dois morangos a dar fruta para abastecer o Mercado do Bolhão. E assim pode ter acontecido no Big Bang da origem do Universo.
Por isso, as investigações planeadas para o acelerador do CERN, que já retomou o funcionamento depois da avaria sofrida no ano passado, têm a maior importância. Tal como a descoberta do Ardipithecus ramidis, ontem referida, e a emergência da Epigenética tratada há dois dias, estes estudos têm, além de importância científica, implicações filosóficas, sociológicas e religiosas porventura ainda mais notórias que aquelas. Em minha opinião, a retoma do trabalho científico no CERN é o acontecimento científico mais importante do ano de 2009.
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*O hadrão é um conjunto de quarks mantido coeso por uma força específica. Os protões e neutrões são hadrões (os electrões são leptões).
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
O PALHAÇO RICO SEGUNDO MÁRIO CRESPO
O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.
Mário Crespo
INTEMPORALIDADE QUEIROSIANA
Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!
Algum opositor do actual governo? Não!
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!
Algum opositor do actual governo? Não!
Eça de Queirós
1871
CIÊNCIA 2009: O PÓDIO D' "O DOLICOCÉFALO"
Desde 1859 que se aceita ser o homem descendente de um símio, antepassado comum dele e do chimpanzé, que terá vivido há 6 ou 7 milhões de anos. A caminhada até ao estado actual - o Homo sapiens - passou por complicada sucessão de formas cuja natureza é grandemente especulativa. Os pontos de referência em que assentam as teorias da evolução são constituídos por vestígios desses seres – os fósseis - achados aqui e ali, com idades diferentes e em estado mais ou menos capaz de permitir aos paleoantropologistas deduzir conclusões sobre as características morfológicas, funcionais, psicológicas e sociais de tais seres.
Em 1924 foi anunciado o achado do cránio do Australopithecus africanus, com idade entre 2 e 3 milhões da anos; e, em 1974, o do Australopithecus afarensis, o esqueleto de uma percursora da actual mulher – a Lucy – com 3,2 milhões de anos, o mais importante documento paleoantropológico até há pouco tempo. Mais precisamente, até 1994, quando Yohannes Hailé Selassié encontrou na Etiópia grande parte de um esqueleto do sexo feminino com 4,4 milhões de anos, a que chamaram Ardipithecus ramidis – Ardi para os amigos - juntamente com mais 110 fósseis de A. Ramidus e 150.000 de plantas e animais.
O material seria estudado um pouco por todo o mundo, usando as técnicas mais sofisticadas, e os resultados da investigação publicados 15 anos depois, no ano da graça de 2009, ou seja, aquele que está a fenecer, na revista científica Science. É impossível resumir os 14 artigos incluídos numa secção da revista dedicada ao tema, mas pode aceder livremente aos textos clicando no link atrás (no máximo terá que fazer um registo fácil e gratuito). Ficamos a saber que o A. Ramidus, ao contrário do Australopithecus, ainda tinha o primeiro dedo do pé com oponência, mas o resto do pé já era adaptado a grandes marchas em bipedalismo, significando isto que habitava a planície e a savana, alimentando-se provavelmente de plantas e pequenos animais que aí apanhava; mas ainda podia fazer incursões nas árvores, embora fosse um trepador lento e sem a capacidade de saltar de liana em liana no estilo Tarzan. Tinha perdido os grandes caninos superiores, substituídos por dentes mais pequenos porque a caça de animais de maior porte já não era importante para ele, nem a luta com machos concorrentes para conquistar as fêmeas. Vivia num mundo muito mais pacífico que os seus antecessores.
Tendo em conta a importância de desvendar a origem da nossa espécie, o que tem implicações biológicas, médicas, filosóficas, sociológicas e religiosas, para ser sucinto e comedido, considero as revelações estampadas na revista Science o segundo acontecimento científico mais importante deste ano, a três dias do seu fim.
Em 1924 foi anunciado o achado do cránio do Australopithecus africanus, com idade entre 2 e 3 milhões da anos; e, em 1974, o do Australopithecus afarensis, o esqueleto de uma percursora da actual mulher – a Lucy – com 3,2 milhões de anos, o mais importante documento paleoantropológico até há pouco tempo. Mais precisamente, até 1994, quando Yohannes Hailé Selassié encontrou na Etiópia grande parte de um esqueleto do sexo feminino com 4,4 milhões de anos, a que chamaram Ardipithecus ramidis – Ardi para os amigos - juntamente com mais 110 fósseis de A. Ramidus e 150.000 de plantas e animais.
O material seria estudado um pouco por todo o mundo, usando as técnicas mais sofisticadas, e os resultados da investigação publicados 15 anos depois, no ano da graça de 2009, ou seja, aquele que está a fenecer, na revista científica Science. É impossível resumir os 14 artigos incluídos numa secção da revista dedicada ao tema, mas pode aceder livremente aos textos clicando no link atrás (no máximo terá que fazer um registo fácil e gratuito). Ficamos a saber que o A. Ramidus, ao contrário do Australopithecus, ainda tinha o primeiro dedo do pé com oponência, mas o resto do pé já era adaptado a grandes marchas em bipedalismo, significando isto que habitava a planície e a savana, alimentando-se provavelmente de plantas e pequenos animais que aí apanhava; mas ainda podia fazer incursões nas árvores, embora fosse um trepador lento e sem a capacidade de saltar de liana em liana no estilo Tarzan. Tinha perdido os grandes caninos superiores, substituídos por dentes mais pequenos porque a caça de animais de maior porte já não era importante para ele, nem a luta com machos concorrentes para conquistar as fêmeas. Vivia num mundo muito mais pacífico que os seus antecessores.
Tendo em conta a importância de desvendar a origem da nossa espécie, o que tem implicações biológicas, médicas, filosóficas, sociológicas e religiosas, para ser sucinto e comedido, considero as revelações estampadas na revista Science o segundo acontecimento científico mais importante deste ano, a três dias do seu fim.
PROVÉRBIOS DO MUNDO
If you ask a Negro where he's been, he'll tell you where he's going.
(Comunidade negra dos Estados Unidos)
(Comunidade negra dos Estados Unidos)
domingo, 27 de dezembro de 2009
CITAÇÃO
Como se descreve um comunista? É alguém que lê Marx e Lenin. E um anti-comunista? É alguém que compreende Marx e Lenin.
Ronald Reagan
Ronald Reagan
SALIÓ DE JAMAICA
Salió de Jamaica,
rumbo a Nueva York,
un barco velero,
un barco velero cargado de ron.
En medio del mar
el barco se hundió
la culpa la tuvo
el señor capitán que se emborrachó.
No siento el barco
no siento el barco que se perdió....
siento el piloto
siento el piloto y la tripulación.
Pobres marinos,
pobres pedazos de corazón....
que la mar brava
que la mar brava se los tragó.
Señor capitán
déjeme subir
a izar la bandera
del palo más alto de su bergantín.
CIÊNCIA 2009: O PÓDIO D’ “O DOLICOCÉFALO”
Aproxima-se o fim do ano, época de fazer balanços. A Ciência é sempre objecto de tal atenção. Nesta matéria, é muito difícil avaliar o que foi mais importante porque o relevo dos factos depende, entre outras coisas, das consequências que produzem e tal não se conhece em cima dos acontecimentos. Toda a opinião é subjectiva. Postas estas reservas, também tenho opinião - pois claro! - e vou referir três histórias que mais me impressionaram no mundo científico em 2009. Para descongestionar, será publicada uma por dia.
A primeira tem indirectamente a ver com Darwin, mas tem mais com um seu competidor, o biólogo francês Jean-Baptiste de Lamarck. Resumidamente, dizia Lamarck que o meio ambiente e o comportamento dos seres vivos nesse meio pode fazer adquirir características anatómicas e funcionais novas e que tais características são transmissíveis à descendência. Isto não é contra a teoria de Darwin, mas este acreditava que as modificações observadas na evolução eram só consequência da selecção dos mais aptos e nunca de modificações funcionais dos genes. Para dar um exemplo inventado por mim (que é anedótico e não vale nada), segundo Darwin, a girafa tem pescoço comprido porque os exemplares da espécie de pescoço curto tinham dificuldade em alimentar-se nas árvores e foram desaparecendo. Segundo Lamarck, o pescoço das girafas poderia crescer em consequência do esforço para chegar ao alimento nas árvores e tal característica era transmitida à descendência, criando uma espécie de longos pescoços.
A teoria de Lamarck nunca foi bem aceite e caiu em descrédito. Mas agora surgem novas notícias. Em Fevereiro foi publicado o resultado de um trabalho feito em ratinhos com deficiência da memória induzida por engenharia genética. Os animais, através de treino especial de socialização e outras formas de estimulação conseguiam aprender muito mais do que os não estimulados e socializados e transmitiam esses ganhos aos descendentes.
Em Novembro, outra experimentação foi feita em ratinhas grávidas alimentadas com dieta muito rica em gordura. Os filhos nasceram maiores que o normal e eram insensíveis aos efeitos da insulina. Estas características transmitiam-se aos filhos, netos das ratinhas submetidas à experimentação.
A influência exterior nos genes é objecto de uma corrente de investigação actual, a epigenética. Independentemente de provavelmente levar à revisão de uns tantos conceitos da teoria darwiniana, tem consequências práticas para a compreensão de doenças genéticas e da forma como actuam alguns medicamentos, nomeadamente no tratamento do cancro.
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Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck, na foto superior.
sábado, 26 de dezembro de 2009
OPINIÃO PÚBLICA, COMUNICAÇÃO SOCIAL E PAPAGAIOS AMESTRADOS
Nada mais estranho que certas correntes de medo colectivo instaladas periodicamente na sociedade e caídas no esquecimento em curto prazo. Há na História para todos os gostos, desde o receio do holocausto nuclear até à gripe das aves. Neste momento há dois temas “a dar”: o aquecimento global e a gripe suína.
Perguntar-se-á como é possível mobilizar tanto medo para um fenómeno físico da natureza que nem sequer está bem estudado e compreendido e cujas consequências são totalmente hipotéticas; ou para uma infecção viral benigna de que a humanidade e a Medicina têm conhecimento há longos anos. A resposta é simples: é possível porque a comunicação social quer.
Um alienígena chegado de supetão à Terra e confrontado com esta expressão - comunicação social -, pensaria em formas de transmissão de conhecimento, informação, ideias, opiniões e coisas assim entre os terráqueos, ocorrendo essa transmissão em todas as direcções - vertical, horizontal, oblíqua e por aí fora - e também nos dois sentidos de cada direcção. Mas pensaria mal, porque a transmissão se faz exclusivamente numa direcção e, nessa direcção, apenas num sentido. Há apenas dois corpos comunicantes, um microcorpo e um colossal megacorpo, limitando-se este a ser receptor do fluxo originado no primeiro. E, se considerarmos que a maior parte do microcorpo é apenas instrumento de um núcleo restrito, verdadeiro nanocorpo, que o tutela política, filosófica, religiosa, etica, e laboralmente, chega-se à triste conclusão que nunca tão poucos influenciaram tantos tão eficazmente. O que chamamos de opinião pública é afinal conversa de papagaio ensinada por serventuários do politicamente correcto, ou lacaios de interesses económicos, de grupos de pressão, do próprio jornal, rádio ou televisão que lhes dá trabalho.
Tal panorama desfoca a realidade e gera uma visão pessimista do mundo porque as histórias que atraem audiências são os dramas humanos e não as boas notícias abstratas e de difícil digestão intelectual. Vive-se na crença pessimista e errada da caminhada da humanidade para o abismo. Um exemplo? Qual a percentagem de homens que terão sido mortos em actos de violência nas sociedades de caçadores-recolectores? Cerca de 30%. Qual a percentagem de homens que morreram de forma violenta no Século XX, incluindo duas guerras mundiais com duas bombas atómicas? Cerca de 1%! Quem tem esta visão que dá esperança? Muito poucos. Pensa-se que estamos em acelerado processo de involução social? Pensa-se, mas pensa-se mal. E de quem é a culpa?
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
SÓ É NATAL UMA VEZ POR ANO
O DOLICOCÉFALO DESEJA BOAS FESTAS A TODOS QUANTOS FAZEM O FAVOR DE O VISITAR.
SE VAI ANDAR NA ESTRADA, CALDOS DE GALINHA, PERDÃO, CUIDADO.
QUANTO ÀS VITUALHAS, A FASQUIA PODE SER UM BOCADINHO MAIS ALTA NESTA ÉPOCA, MAS NÃO ULTRAPASSE O RECOMENDADO PELO COMITÉ GASTRONÓMICO INTERNACIONAL (CGI).
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FELIZ NATAL
SE VAI ANDAR NA ESTRADA, CALDOS DE GALINHA, PERDÃO, CUIDADO.
QUANTO ÀS VITUALHAS, A FASQUIA PODE SER UM BOCADINHO MAIS ALTA NESTA ÉPOCA, MAS NÃO ULTRAPASSE O RECOMENDADO PELO COMITÉ GASTRONÓMICO INTERNACIONAL (CGI).
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FELIZ NATAL
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
SÓCRATES, O CAMPEÃO DE WRESTLING
“Eu próprio já tenho discordado do Presidente da República e isso não levou a nenhuma dramatização”, acrescentou Sócrates, ironizando que Louçã “estava tão zeloso para ser porta-voz do Presidente na Assembleia da República”.
“Há algumas semanas talvez tivesse feito falta porque parece que ele não tinha porta-voz”, disse, aludindo ao ex-assessor de Cavaco Silva Fernando Lima.
Isto pode ler-se no jornal “I” e viu-se e ouviu-se ontem na TV. Na Assembleia da República, Sócrates entra pelo caminho da chalaça no confronto com o Presidente. Falta de elevação e sentido de estado. Uma lástima!
A República vai mal. As crises financeira, económica e social vão cavando a sepultura para onde caminha. A República não preocupa gente como eu, mas o País sim. E vê-lo entregue a Sócrates tira o sono.
Num enquadramento de governo com apoio minoritário no Parlamento, em litígio com a Presidência da República, um Presidente sem consistência, a oposição na ressaca do fim de quatro anos de autoritarismo socialista, e com uma crise medonha para gerir, o mínimo a esperar do Governo era alguma compostura e muito respeito pelos governados. E o que vemos? Vemos um Primeiro-Ministro pimpão, papagaio de lugares comuns, deslumbrado com o poder, eticamente medíocre, para ser comedido, e comportando-se na política como Bruno Alves na refrega futebolística.
O homem não está preocupado connosco. A sua preocupação é esmagar quem se lhe opõe. Entra para os debates no Parlamento com pose de cabo de forcados e sai como um vencedor de wrestling. Assim se realiza o bicho. E o País? O País que se lixe!
Os portugueses que votam PS devem olhar para ele sem paixão partidária. É que não estamos a falar do Benfica, do Porto, ou do Sporting. E devem compreender que a crispação permanente de Sócrates pode ser útil para ganhar debates na Assembleia, mas não ajuda a resolver os nossos problemas. E o que todos nós queremos é ver os problemas resolvidos e não ter vitórias do PS Futebol Clube.
“Há algumas semanas talvez tivesse feito falta porque parece que ele não tinha porta-voz”, disse, aludindo ao ex-assessor de Cavaco Silva Fernando Lima.
Isto pode ler-se no jornal “I” e viu-se e ouviu-se ontem na TV. Na Assembleia da República, Sócrates entra pelo caminho da chalaça no confronto com o Presidente. Falta de elevação e sentido de estado. Uma lástima!
A República vai mal. As crises financeira, económica e social vão cavando a sepultura para onde caminha. A República não preocupa gente como eu, mas o País sim. E vê-lo entregue a Sócrates tira o sono.
Num enquadramento de governo com apoio minoritário no Parlamento, em litígio com a Presidência da República, um Presidente sem consistência, a oposição na ressaca do fim de quatro anos de autoritarismo socialista, e com uma crise medonha para gerir, o mínimo a esperar do Governo era alguma compostura e muito respeito pelos governados. E o que vemos? Vemos um Primeiro-Ministro pimpão, papagaio de lugares comuns, deslumbrado com o poder, eticamente medíocre, para ser comedido, e comportando-se na política como Bruno Alves na refrega futebolística.
O homem não está preocupado connosco. A sua preocupação é esmagar quem se lhe opõe. Entra para os debates no Parlamento com pose de cabo de forcados e sai como um vencedor de wrestling. Assim se realiza o bicho. E o País? O País que se lixe!
Os portugueses que votam PS devem olhar para ele sem paixão partidária. É que não estamos a falar do Benfica, do Porto, ou do Sporting. E devem compreender que a crispação permanente de Sócrates pode ser útil para ganhar debates na Assembleia, mas não ajuda a resolver os nossos problemas. E o que todos nós queremos é ver os problemas resolvidos e não ter vitórias do PS Futebol Clube.
TÍTULO DO DIA
João Pereira: "Dar a vida pelo Sporting lutando até à morte"
Jornal "I"
(A situação é grave, mas não tanto assim!...)
Jornal "I"
(A situação é grave, mas não tanto assim!...)
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
PROVÉRBIOS DO MUNDO
The best time to plant a tree is 20 years ago; the next best time is now.
(África do Sul)
(África do Sul)
A TRAIÇÃO DO OZONO
Sob o ponto de vista ambiental, estamos a viver a maré alta do aquecimento global - coqueluche dos ecologistas - podendo verdadeiramente dizer-se que o aquecimento está cool. Como estas coisas vêm por modas, os buracos do ozono caíram no esquecimento e ninguém se preocupa com a depleção do infeliz gás, que já conheceu melhores dias em termos de popularidade. Deixou de fazer manchetes nos órgãos da comunicação social, ou pelo menos assim chamados.
“O Dolicocéfalo” não é ingrato nem injusto e vem hoje prestar homenagem ao bravíssimo gás raro que, ao contrário do que parece, não morreu. Está vivo, existe numa concentração de 0,1 a 10 partes por cada milhão de atmosfera (vol./vol.), e continua heroicamente a sumir-se todos os anos, no princípio das primaveras polares. Isso mesmo!
Porque se deixou então de falar dele? O ozono não se comportou muito bem: não respeitou as apocalípticas previsões dos ambientalistas, coisa que os deixa desarmados e lhes tira alguma audição. E é manifesta ingratidão para quem o tratou nas palminhas.
“O Dolicocéfalo” não é ingrato nem injusto e vem hoje prestar homenagem ao bravíssimo gás raro que, ao contrário do que parece, não morreu. Está vivo, existe numa concentração de 0,1 a 10 partes por cada milhão de atmosfera (vol./vol.), e continua heroicamente a sumir-se todos os anos, no princípio das primaveras polares. Isso mesmo!
Porque se deixou então de falar dele? O ozono não se comportou muito bem: não respeitou as apocalípticas previsões dos ambientalistas, coisa que os deixa desarmados e lhes tira alguma audição. E é manifesta ingratidão para quem o tratou nas palminhas.
Afinal os buracos não continuaram a crescer e têm até, vejam lá, diminuído! De 1979 até 1997, o ozono diminuiu 7% por década, número completamente aceitável para os profetas das desgraças ecológicas. Mas daí para cá tem aumentado 1% por década! Inaceitável!
É claro que há sempre uma escapatória. O ozono não diminui porque quase se baniram os CFC, ao abrigo do acordado no Protocolo de Monterreal. E aos ecologistas se deve tão brilhante vitória. Por isso os felicito mas, ainda assim, fico com algumas dúvidas.
A destruição do ozono só ocorre nas regiões polares, sobretudo na Antárctida a seguir à noite austral, e será provocada por radicais de cloro provenientes dos CFC libertados por sprays e por aparelhos de condicionamento do ar, como frigoríficos, congeladores, e por aí fora. Esse cloro é incorporado em vários compostos, sobretudo ácido clorídrico e nitrato de cloro, e transportado por ventos para os polos, viagem que dura, no mínimo, 5 anos. Só a passagem da troposfera para a estratosfera, é coisa para 4 anos. E os CFC que não libertaram cloro, porque não foram decompostos pela radiação solar (fotólise), duram uma eternidade na atmosfera: de 20 a 100 anos.
Por isso, se a destruição do ozono é provocada por aquele cloro, ela irá continuar em velocidade de cruzeiro pelo Século XXI fora, mesmo sem novas emissões de CFC. Como é possível que a redução de uso destes tenha tido efeito tão rápido? Não é possível, ou os CFC não têm nada a ver com o problema.
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É claro que há sempre uma escapatória. O ozono não diminui porque quase se baniram os CFC, ao abrigo do acordado no Protocolo de Monterreal. E aos ecologistas se deve tão brilhante vitória. Por isso os felicito mas, ainda assim, fico com algumas dúvidas.
A destruição do ozono só ocorre nas regiões polares, sobretudo na Antárctida a seguir à noite austral, e será provocada por radicais de cloro provenientes dos CFC libertados por sprays e por aparelhos de condicionamento do ar, como frigoríficos, congeladores, e por aí fora. Esse cloro é incorporado em vários compostos, sobretudo ácido clorídrico e nitrato de cloro, e transportado por ventos para os polos, viagem que dura, no mínimo, 5 anos. Só a passagem da troposfera para a estratosfera, é coisa para 4 anos. E os CFC que não libertaram cloro, porque não foram decompostos pela radiação solar (fotólise), duram uma eternidade na atmosfera: de 20 a 100 anos.
Por isso, se a destruição do ozono é provocada por aquele cloro, ela irá continuar em velocidade de cruzeiro pelo Século XXI fora, mesmo sem novas emissões de CFC. Como é possível que a redução de uso destes tenha tido efeito tão rápido? Não é possível, ou os CFC não têm nada a ver com o problema.
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A fotografia em cima mostra uma nuvem polar estratosférica. Na sua superfície forma-se o monóxido de carbono durante a noite polar, fonte de átomos de cloro, os radicais livres que transformam o ozono em oxigénio.
O DÉFICE, A HERMENGARDA, A ESPINGARDA, E A NÁUSEA
Diz o jornal "I" online:
O défice do subsector Estado ultrapassou os 13 milhões de euros, entre Janeiro e Novembro, segundo revela o ministério das Finanças e da Administração Pública. Este valor representa um acréscimo de 6.908,2 milhões de euros relativamente ao valor verificado em igual período de 2008.
Comenta um leitor:
Um país desgovernado, entregue à politiquice de um medíocre e seus lacaios.
Esta é a conversa do nosso dia a dia.
Até quando, Hermengarda? Sabes tu o que é passar a vida agarrado a uma espingarda?
Digo eu para variar.
Que fartura!...
Que saco!...
O défice do subsector Estado ultrapassou os 13 milhões de euros, entre Janeiro e Novembro, segundo revela o ministério das Finanças e da Administração Pública. Este valor representa um acréscimo de 6.908,2 milhões de euros relativamente ao valor verificado em igual período de 2008.
Comenta um leitor:
Um país desgovernado, entregue à politiquice de um medíocre e seus lacaios.
Esta é a conversa do nosso dia a dia.
Até quando, Hermengarda? Sabes tu o que é passar a vida agarrado a uma espingarda?
Digo eu para variar.
Que fartura!...
Que saco!...
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
FRASES
Estava para fazer uma cirurgia cosmética até ter visto o consultório do médico cheio de pinturas do Picasso.
Rita Rudner
Rita Rudner
PÉ CANHÃO
O golo de Cristiano Ronaldo, no jogo da Liga dos Campeões da época passada, contra o FC Porto, foi considerado o melhor do ano, pelo que o jogador recebeu o Prémio Ferenc Puskas.
É notável a distância a que a bola é disparada e a sua velocidade até entrar no ângulo da baliza de Helton! Veja o vídeo, clicando no título deste post.
É notável a distância a que a bola é disparada e a sua velocidade até entrar no ângulo da baliza de Helton! Veja o vídeo, clicando no título deste post.
VOAR
Para quem gosta de voar, aqui ficam algumas imagens bonitas. E também para quem tem medo de voar, mas gosta de aviões.
(Vídeo enviado por José Fontinha)
domingo, 20 de dezembro de 2009
PROVÉRBIOS DO MUNDO
The more you ask how much longer it will take, the longer the journey will seem.
(Nova Zelândia)
(Nova Zelândia)
PENSAMENTO
Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada.
Oscar Wilde
Oscar Wilde
OMNISCAN, OMNIPRESENTES, OMNIPOTENTES E... OMNÍVOROS?
“Omniscan” (gadolinium) é um contraste usado em imagiologia médica para a realização de exames por ressonância magnética. Em doentes renais, a sua administração pode desencadear uma doença grave chamada fibrose sistémica nefrogénica (NSF na sigla em inglês) que conduz com frequência à morte. O fármaco é fabricado pela General Electric (GE Healthcare).
Há dois anos, numa conferência em Oxford, o professor de imagiologia dinamarquês Henrik Thomsen deu conta dos problemas que tem tido com o contraste, que classificou de pesadelo, acrescentando não haver informação clara por parte da GE sobre a matéria. Foi processado pela empresa, uma das maiores do mundo, sob o pretexto de que estava a ser difamada pelo médico e, só em custas com a Justiça, já gastou cerca de 380.000 libras que, obviamente, o Prof. Thomsen terá de pagar se perder a causa; fora o mais que se verá.
Há nesta história dois aspectos cuja importância ultrapassa largamente o problema médico. O primeiro tem a ver com as desigualdades perante a Justiça. A GE gastou 380.000 libras, mais de €430.000, ou para os mais antigos, mais de 87.000 contos. É claro que isto constitui um fantástico factor dissuasor para quem queira meter-se em conflitos com grandes companhias, para as quais isso são peanuts, mesmo sabendo estar do lado da razão. Digam-me se todos são iguais perante a lei.
O segundo aspecto prende-se com a técnica de amordaçar os que podem estar, e estão neste caso, a defender os direitos do cidadão e não os seus próprios. Tudo começou numa pequena sala de reuniões de Oxford, com a palestra de um médico dinamarquês para uma audiência de 30 colegas. Tal era potencialmente perigoso para os interesses comerciais da grande empresa que, indiferente ao interesse colectivo, não hesitou em calar o Prof. Thomsen pela intimidação. Durante uma ida ao Reino Unido para falar com o seu advogado, o Prof. Thomsen declarou não prestar mais declarações públicas sobre o “Omniscan”.
Está bonito isto, está!!!...
Há dois anos, numa conferência em Oxford, o professor de imagiologia dinamarquês Henrik Thomsen deu conta dos problemas que tem tido com o contraste, que classificou de pesadelo, acrescentando não haver informação clara por parte da GE sobre a matéria. Foi processado pela empresa, uma das maiores do mundo, sob o pretexto de que estava a ser difamada pelo médico e, só em custas com a Justiça, já gastou cerca de 380.000 libras que, obviamente, o Prof. Thomsen terá de pagar se perder a causa; fora o mais que se verá.
Há nesta história dois aspectos cuja importância ultrapassa largamente o problema médico. O primeiro tem a ver com as desigualdades perante a Justiça. A GE gastou 380.000 libras, mais de €430.000, ou para os mais antigos, mais de 87.000 contos. É claro que isto constitui um fantástico factor dissuasor para quem queira meter-se em conflitos com grandes companhias, para as quais isso são peanuts, mesmo sabendo estar do lado da razão. Digam-me se todos são iguais perante a lei.
O segundo aspecto prende-se com a técnica de amordaçar os que podem estar, e estão neste caso, a defender os direitos do cidadão e não os seus próprios. Tudo começou numa pequena sala de reuniões de Oxford, com a palestra de um médico dinamarquês para uma audiência de 30 colegas. Tal era potencialmente perigoso para os interesses comerciais da grande empresa que, indiferente ao interesse colectivo, não hesitou em calar o Prof. Thomsen pela intimidação. Durante uma ida ao Reino Unido para falar com o seu advogado, o Prof. Thomsen declarou não prestar mais declarações públicas sobre o “Omniscan”.
Está bonito isto, está!!!...
MINUTA DO ACORDO DE COPENHAGUE
Para quem se interessa por isso, ou está preocupado, lamento informar que a Cimeira de Copenhague, ou COP15, foi um fiasco. Ainda assim, chegou-se a um acordo para salvar as aparências. É mau, mas melhor que nada, se é que serve para alguma coisa.
Se o quiser ler, aceda à sua minuta clicando no título deste post.
A SAÚDE EM PORTUGAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, SEGUNDO ANTÓNIO BARRETO
Referi-me há dias à conferência de António Barreto na sessão comemorativa dos 55 anos do Hospital de Santa Maria. Porque se trata de um texto com interesse, e porque tive acesso a ele através do colega Dr. Soares de Almeida, publico-o hoje na íntegra. Para ler, basta clicar no título deste post.
sábado, 19 de dezembro de 2009
A CAÇA AOS PIRATAS SEM PERNA DE PAU
Militares da fragata "Corte Real" capturam piratas somalis.
A transferência para o navio.
(Imagens enviadas por João Castro Brito)
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