O PS não quer uma lei contra o enriquecimento ilícito porque inverte o ónus da prova e porque é anticonstitucional. Pode ser tudo isso e muito mais, e porventura é, mas o PS não consegue evitar que a opinião pública veja a sua posição como manobra para proteger poderosos corruptos, eventualmente socialistas poderosos e corruptos. E aí é que a porca torce o rabo porque o PS tem a corrupção colada à imagem, a começar por cima, e já há socialistas a pôr o rabo de fora.
Na votação do projecto do PSD na Assembleia da República, dois deputados do PS entregaram declarações de voto: António José Seguro e Eduardo Cabrita. Diz o primeiro que a suspeita de que os poderosos se protegem, e que não existe um verdadeiro interesse de combate à corrupção, minam a confiança dos portugueses na política e na justiça e corroem os alicerces do estado de direito democrático, erro que está a pagar-se caro. Eduardo Cabrita defende que é necessário punir o enriquecimento injustificado de forma compatível com a Constituição da República, como salientou Jorge Sampaio quando era Presidente.
São poucos, mas podem ser os primeiros abanões no muro de silêncio do PS sobre os múltiplos casos escabrosos em que José Sócrates se vê envolvido. E temos de fazer a justiça de acreditar que o PS é um partido com gente capaz de sentir algum incómodo com tanto caso.
Não sei o que se passa em termos formais, mas pode afirmar-se que Sócrates é um primeiro-ministro sob suspeita da opinião pública, situação desconfortável para o País e para o partido. Gente haverá no PS que estimaria encontrar uma saída airosa para correr com ele. E ele, por sua vez, adoraria ser corrido, salvando a face, para sacudir a água do capote e fugir ao "pântano" em que os socialistas são peritos em mergulhar os países que governam. O homem não sabe como descalçar a bota, tal como Guterres, e está à espera que alguém lhe faça o jeito de o atirar borda fora para se ir agasalhar nalguma mordomia.
domingo, 13 de dezembro de 2009
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