terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A TRAIÇÃO DO OZONO

Sob o ponto de vista ambiental, estamos a viver a maré alta do aquecimento global - coqueluche dos ecologistas - podendo verdadeiramente dizer-se que o aquecimento está cool. Como estas coisas vêm por modas, os buracos do ozono caíram no esquecimento e ninguém se preocupa com a depleção do infeliz gás, que já conheceu melhores dias em termos de popularidade. Deixou de fazer manchetes nos órgãos da comunicação social, ou pelo menos assim chamados.
“O Dolicocéfalo” não é ingrato nem injusto e vem hoje prestar homenagem ao bravíssimo gás raro que, ao contrário do que parece, não morreu. Está vivo, existe numa concentração de 0,1 a 10 partes por cada milhão de atmosfera (vol./vol.), e continua heroicamente a sumir-se todos os anos, no princípio das primaveras polares. Isso mesmo!
Porque se deixou então de falar dele? O ozono não se comportou muito bem: não respeitou as apocalípticas previsões dos ambientalistas, coisa que os deixa desarmados e lhes tira alguma audição. E é manifesta ingratidão para quem o tratou nas palminhas.
Afinal os buracos não continuaram a crescer e têm até, vejam lá, diminuído! De 1979 até 1997, o ozono diminuiu 7% por década, número completamente aceitável para os profetas das desgraças ecológicas. Mas daí para cá tem aumentado 1% por década! Inaceitável!
É claro que há sempre uma escapatória. O ozono não diminui porque quase se baniram os CFC, ao abrigo do acordado no Protocolo de Monterreal. E aos ecologistas se deve tão brilhante vitória. Por isso os felicito mas, ainda assim, fico com algumas dúvidas.
A destruição do ozono só ocorre nas regiões polares, sobretudo na Antárctida a seguir à noite austral, e será provocada por radicais de cloro provenientes dos CFC libertados por sprays e por aparelhos de condicionamento do ar, como frigoríficos, congeladores, e por aí fora. Esse cloro é incorporado em vários compostos, sobretudo ácido clorídrico e nitrato de cloro, e transportado por ventos para os polos, viagem que dura, no mínimo, 5 anos. Só a passagem da troposfera para a estratosfera, é coisa para 4 anos. E os CFC que não libertaram cloro, porque não foram decompostos pela radiação solar (fotólise), duram uma eternidade na atmosfera: de 20 a 100 anos.
Por isso, se a destruição do ozono é provocada por aquele cloro, ela irá continuar em velocidade de cruzeiro pelo Século XXI fora, mesmo sem novas emissões de CFC. Como é possível que a redução de uso destes tenha tido efeito tão rápido? Não é possível, ou os CFC não têm nada a ver com o problema.
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A fotografia em cima mostra uma nuvem polar estratosférica. Na sua superfície forma-se o monóxido de carbono durante a noite polar, fonte de átomos de cloro, os radicais livres que transformam o ozono em oxigénio.

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