sábado, 31 de março de 2012

A CARGA COGNITIVA DO BENFICA

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O cidadão está a ver o programa do Rui Santos na televisão e, de repente, pensa numa coisa qualquer para fazer na cozinha. Levanta-se e avança para lá, embora não esteja bem isso porque o Rui Santos deve ser respeitado. Qual castigo, quando chega não se lembra o que ia fazer. Preocupante? Manifestação de senilidade? Nem uma coisa nem outra. Voilá: às vezes há boas notícias!
A este respeito recorde-se que temos dois tipos de memória, talvez mais, mas neste momento interessam duas: a memória de trabalho e a memória de longa duração. A primeira, agora entre mãos, é a que usamos nas actividades do dia a dia, como essa de ir à cozinha fazer uma burrice, ou similar. Pois a memória de trabalho tem capacidade limitada. Não é só a sua; é a de toda a gente. O psicólogo de Princeton, George Miller, dizia que a memória de trabalho era capaz de digerir sete peças de informação simultaneamente; mas parece que Miller era um optimista: dizem os investigadores actuais da Neuro-Ciência que serão apenas três, eventualmente quatro, se as coisas estiverem a correr bem.
Por outro lado, a quantidade de informação a entrar simultaneamente na nossa “tola”  chama-se carga cognitiva. Se estamos a ver o Benfica, a carga cognitiva chega quase ao infinito com o virtuosismo do Aimar e os penteados de Jesus e Yannick Djaló (quando joga!). Para as mentes funcionarem capazmente, a carga cognitiva não pode exceder a capacidade da tal memória de trabalho. Quando excede, acontecem episódios como o da ida à cozinha.
Ter conhecimento disto é importante no dia a dia - usar métodos conscientes de limitação da carga cognitiva em cada momento pode melhorar muito a nossa prestação. É, parece-me um caso de importância semelhante ao referido neste espaço há dias atrás, o controlo do spotlight. Portanto, quando estiver a ouvir o Rui Santos, concentre-se no homem e mais nada. Caso contrário dá bota.
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