sexta-feira, 31 de agosto de 2012

OS GRANDES VELEIROS

.
.
"Derbyshire"
.

CHICO'S PLACE

.

RETRATO DUM GRANDE ASTERÓIDE

.


O clip foi realizado a partir de imagens do Vesta enviadas pela sonda "Dawn", que chegou ao asteróidelocalizado na cintura de asteróides, entre as órbitas de Marte e Júpiterem Julho de 2011. O Vesta é um protoplaneta sobrevivente dos primeiros tempos do Sistema Solar
resistiu aos impactos que destruíram outros asteróides, mas nunca formou um verdadeiro planeta. Para lá chegar, a sonda "Dawn" percorreu 2,7 mil milhões de km.

Daqui a quatro dias, a "Dawn" levanta ferro e parte ao encontro de Ceres, outro protoplaneta, ou planeta anão, e o maior asteróide da mesma cinturachegará em 2015.
.

WHAT ABOUT WOMEN, SCHOPENHAUER ?

.
....

LUA CHEIA — LISBOA, 31-08-2012, 20H15


.
.

SER OU NÃO SER

.
.
[...]
E sofro sem saber de que Arte
se ocupam as pessoas mortas.
Cecília Meireles
[...]
.
Dizia ontem que somos coisas acidentais e podíamos facilmente não ter existido, facto comprovável por contas feitas nas costas dum envelope.  Mas sendo contingente o nascimento, o mesmo não é a mortenunca falha. Viemos do nada e ao nada voltamos.
Antes de nascer, não sabíamos o que era ser e, consequentemente, não tínhamos opinião. Depois de experimentar, não queremos deixar de ser, embora fosse aí que começámos. Experimentámos e gostámos! Até quem vive mal prefere viver assim a não viver.
Freud dizia que não conseguia conceber a sua morte—mas finou-se como toda a gente.
Goethe filosofava: "É completamente impossível para um ser pensante conceber a própria não existência, o fim da vida e do pensamento". E acrescentava, com esperança talvez, "Desta forma todos têm dentro de si, inconscientemente, a prova da sua imortalidade". Chamam a isto falácia dos filósofos e acho bem chamado.
Lucrécio Caro bazofiava: "Custa o mesmo aceitar a não existência depois da morte como a não existência antes do nascimento"—ganda Lucrécio!
E David Hume tinha cartão do mesmo clube: "A não existência póstuma não assusta mais que a não existência pré-natal". Interrogado um dia se o desaparecimento de tudo o aterrava, respondeu: "Nem um pouco"—ganda David!
Sócrates, antes de beber a cicuta, explicava aos amigos: "A morte é como um sono sem sonho; ou pode ser a migração da alma duns locais para outros—nada a recear".
Cícero considerava tais tiradas filosóficas tentativas de aprender a morrer—está na cara que são.  E há ainda os que dizem: "Porque hei-de ter medo da morte, se Sócrates e Hume não tinham?"—esta, então, é de rebenta canelas!
Menos filosoficamente, o que mete medo na morte é perder o que a vida dá, o melhor que conhecemos. Tal e qual! Sei que há vidas muito más; mas, surpreendentemente, afiguram-se mais aceitáveis que não as ter! Miguel de Unamuno escreveu assim no "Del Sentimiento Trágico de la Vida":

Confesso—difícil como é confessar tal—que mesmo nos dias da minha fé simples da juventude, nunca tremi com as descrições do fogo do Inferno, por mais assustadoras que  fossem, porque  sempre achei a ideia do nada mais aterradora que o Inferno. Quem sofre e quem vive em sofrimento ainda ama e espera, mesmo quando tem escrito no portal da sua morada "Abandona toda a Esperança!" E é melhor viver em dor que cessar de ser pacificamente. A verdade é que não podia acreditar nesse Inferno atroz, uma eternidade de castigo, nem conseguia imaginar Inferno mais autêntico que o nada e a perspectiva dele.

Acho Unamuno baril. Estou com ele, mas agora vou acabar, com a esperança que alguém tenha chegado até aqui. Se chegou, agradeço o esforço. Outro dia voltarei ao tema, em dose mais moderada.
.

CHICO'S PLACE

.
.

O GUINCHO NACIONAL

.
O Eva Restaurant, uma manjedoura fina de 40 lugares perto de Los Angeles, teve a feliz ideia de anunciar nas ementas que os clientes beneficiam de desconto de 5% se desligarem os telemóveis e os entregarem à guarda de uma assistente que os devolve depois do repasto pago.
Acho óptimo, mas há uma coisa ainda melhor para assegurar a tranquilidade dos comensais, pelo menos nas manjedouras nacionaisa instalação dum recanto insonorizado, onde uma diligente assistente dê a papa às crianças que guincham e são quase todas em Portugal. Não sou nenhum Marco Polo, mas já estive em muitos sítios e nunca visitei pátria alguma onde os petizes guinchassem com a perfeição dos portugueses perante a total indiferença dos paissomos os campeões do mundo do guincho infantil.
Frequento um desses lugares, onde o neto do proprietário dava regularmente concerto aos domingos, perante a indiferença da mãe e a passividade do pai. Até ao dia em que o número de clientes a anunciar que nunca mais lá iam ouvir guinchos e comer polvo à lagareiro, se tornou preocupante. Aí, acabaram os guinchos porque a criança sumiuprovavelmente, foi guinchar para casa de alguns avós que, por serem menos modernos, já terão dado uns "caldos" no petiz a fim de lhe acalmar os nervos.
É que há normas de psicologia infantil que só os antigos conhecem; e muita coisa anda mal neste mundo porque as novas gerações de educadores não as conhecem. Aliás, a questão em Portugal não se põe só com o guincho infantil. Infelizmente, é com muitas outras coisas que vêm do berçoe o resultado está à vista. Faltam psicólogos infantis que não sejam de escolas tipo escola pedagógica da Ana Benavente. Tal e qual!
.

A ENTREVISTADA

.
.
Não sei quem é e espero que nunca saiba quem soumas é uma bela imagem!
.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

OS GRANDES VELEIROS


.
O navio "Castleton" pintado por John Henry Mohrmann
.

FINALMENTE !

.Falei de duas exposições de arteuma alegadamente de pintura e outra alegadamente de esculturaabertas neste momento em Lisboa. São inenarráveis, como disse; quase tão más como a prosa do apresentador dos eventos.
No mesmo espaço está uma terceira exposição de pintura, bastante agradável de ver, do pintor Vítor Pomar, se excluirmos a prosa de João Pinharanda, que também lá aparece, no mesmo registo das outrasCada pintura surge carregada de matéria com a tinta disposta em gestos vigorosos que sobrepõem variadas cores. Ou, exatamente ao inverso, surge como ausência de tudo isso: esvaziamento de elementos que deixa a pintura nascer da própria presença da tela crua. Em ambas as situações, Pomar procura uma sobrecarga de sentidos capaz de o/nos conduzir do desejo de libertação do desejo à própria superação dessa etapa (ainda meramente) sensitiva. Blá, blá, blá.... Não há pachorra!...  blá, blá, blá...
Ficam, em baixo, fotografias de quatro quadros de que gosto, descontando o Pinharanda.
 
.
.
.
..

PREOCUPANTE

.
.
[...] Sobretudo, a maçonaria é uma plataforma que facilita a corrupção; é sem duvida a menos secreta de entre as sociedades secretas. Pode-se dizer que começou, na sua fase dita ‘operativa’, como um sindicato de pedreiros. Para este efeito, os pedreiros necessitavam de algum secretismo para salvaguardar (ou seja, lutar contra a disseminação das) técnicas de construção de igrejas e outros edifícios, de modo a manter as suas receitas altas — quanto menos pessoas souberem praticar uma profissão, mais lucrativa ela se torna. Este é um elemento muito importante, pois muitos argumentam que na sua génese a maçonaria em si era uma boa organização e que somente na sua segunda fase deteriorou. Esta argumento é falacioso, tendo em conta que a sua função foi, desde o inicio, a salvaguarda dos interesses dos seus membros, e não a caridade nem a filantropia, como alegam os seus apologistas. A sua natureza presente é somente uma expansão e continuação do seu propósito original — defender os interesses dos maçons em detrimento do resto da população.[...]

Este é um trecho do texto com o título "A Maçonaria Em Portugal - uma História de Corrupção e Conspiração", publicado no blog "Casa das Aranhas" em 19 de Julho passado e da autoria de João Silva Jordão. Vale a pena ler porque tem informação interessante, nomeadamente links para outras páginas, também elas a merecer serem vistas. E é  na caixa dos comentários deste post que surge uma lista com mais de 1.400 nomes de "irmãos" do Grande Oriente Lusitano. Lá estão Almeida Santos, António Arnaut, la Féria, Santana Maia, João Cravinho, Carlos Zorrinho, José Miguel Boquinhas, Ramos Horta, Joshua Ruah, Capoulas dos Santos, blá, blá, blá.
.
(A figura é ilustração da hierarquia maçónica e também link para o blog)
.

AS ESTAÇÕES DE SATURNO

.
.
A fotografia foi feita pela sonda Cassini a 778.000 km de Titã, o maior satélite de Saturno, com 5.150 km de diâmetromaior que o planeta Mercúrio. Em segundo plano figura, imponente, Saturno, com Outono no Hemisfério Sul e Primavera no Norte. Por isso, o azul está a desaparecer a Norte e a aparecer no Sul. Os decantados anéis do planeta projectam sombra no Hemisfério Sul.
.

ACONTECE

.
..

UMA COISA QUE PENSA

.
Tem a existência significado, propósito, é uma necessidade? A verdade é que somos coisas acidentais e contingentes, que facilmente podíamos não ter existido. Facilmente como? Basta fazer contas simples. O genoma humano tem cerca de 30.000 genes, havendo um par (alelo) de cada um. Assim, o número máximo de combinações possíveis é igual a 2 elevado a 30.000, o que dá um número com um 1 seguido de 10.000 zeros, aproximadamente. Estima-se que, desde a emergência da nossa espécie, já nasceram à volta de 40 mil milhões de seres desta espécie. Mesmo cortando por largo, considerando 100 mil milhões, a fracção de seres que existiram representará  menos de 0,0000...000001 (incluir dez mil zeros no lugar das reticências) do total possível. Fazemos parte dessa fracçãorepito, cada um de nós teve 1 probabilidade de existir em 10 elevado a um número que nem sei como se lê: é obra! Tivemos sorte!
Tivemos sorte? Ou não? Há pontos de vista; ou teorias; ou convicções; ou crenças; ou fés.   Richard Dawkins, o ateu, acha que sim. No coro da tragédia "Édipo em Colono", Sófocles diz que nascer nunca é o melhor. Bertrand Russel vagueiano meio de considerações sobre a quem se deve agradecer o ter nascido, se aos pais, se ao espermatozóide que chegou primeiro e fecundou o óvuloe admite que pode ser melhor existir que não existir e, por isso, fala das precedências protocolares dos agradecimentos ao espermatozóide,  versus agradecimento aos pais (não lembra ao Diabo!).
Mas as coisas são mais compridas — tão compridas que não cabem num blog — porque depois vem o problema do eu, ou do ego. O que caracteriza o cidadãoou cidadãé o genoma, ou o ego? Descartes, com essa coisa do "penso, logo existo" encerrava a discussão: ego é a cabecinha pensadora. De acordo com as leis da Biologia, o ego deve ser determinado pelo genoma. Mas os gémeos homozigóticos, com genomas iguais, não têm o mesmo ego.  Pode mesmo perguntar-se se o ego é característica fixase não há um ego hoje, outro amanhã, outro para a semana, blá, blá, blá. E se há, o que nos dá a individualidade? Estava Descartes a asnear? Uma trapalhada!...
.

DUAS ESCUNAS

.
.
Aguarela de Winslow Homer
.
(Colaboração de Pedro Masson)
.

NEM TUDO FORAM ROSAS

.
.
Vasco da Gama
(30-08-2012)
.

[...] Da curta história anterior da Índia resultavam dois factos: a inimizade pérfida do Rajah de Kalikodu, e a feitoria de Katchi. Castigar terrivelmente o primeiro e consolidar, fortificando-a, a última, foi o principal motivo da segunda armada, que em 1502 (Fevereiro) partiu de Lisboa para o Oriente, sob o comando de Vasco da Gama, o capitão desapiedado, o fidalgo ofendido nos brios pelo miserável Çamorim.
A história da viagem é um horror; e a desforra do capitão uma prova dessa frieza sanguinária, impassível e cruel, que efectivamente existe no temperamento, quase africano, do português. Obliterada na sujeição ou na paz, rebentou sempre com o domínio e com a vitória, na guerra. Se tais sentimentos, vivos na alma do Gama, inspiram  os seus actos, a sua campanha não obedece a um plano, nem no seu rude espírito cabem as largas vistas do estadista. Se algumas levava, reduziam-se a espantar a Índia com a crueldade das suas façanhas, e a dominá-la com o terror dos seus morticínios. Grande sobre as ondas, em luta com os temporais, é a imagem da nação, cuja grandeza está na coragem e na teima com que soube vencer o Mar Tenebroso. Um terramoto agitou o mar da Índia quando o Gama pela segunda vez o trilhava; e o almirante, imagem da bravura épica do povo português, acreditou e disse que até as próprias ondas tremiam com medo nosso—com medo dele!
Navegando porém no mar das Índias, com toda a artilharia carregada de metralha, para arrasar Kalikodu, encontra o Gama uma nau de mercadores árabes que ia para Meka ou voltava, nas romarias constantes à santa Kaaba. Além da tripulação, o navio trazia duzentos e quarenta homens passageiros, com suas mulheres e filhos. Era isto no dia 1 de Outubro de 1502, «de que me lembrarei toda a minha vida!» escreve o piloto ainda horrorizado, ao recordar como a nau foi cobardemente incendiada, com todos os que continha, e que morreram desesperados no fogo ou no mar. Ia a bordo um flamengo, que assim refere a ocorrência: «Tomámos uma nau de Meka, onde iam a bordo 300 passageiros, entre eles mulheres e crianças; e depois do sacarmos mais de 12.000 ducados de dinheiro e pelo menos 10.000 de fazenda, fizemo-la saltar com os passageiros que continha, por meio de pólvora, no 1.º de Outubro.» [...]
.
Oliveira Martins in "História de Portugal"
.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

OS GRANDES VELEIROS

.
.

CR7

.

.

FURACÃO ' ISAAC '

.
.
Fotografia do furacão feita pela NASA à 01H57 da última madrugada, dia 29, perto da Costa do Golfo.
Mete respeito!
.

CASA DEITADA...ABAIXO

.


.
O texto em cima, obra literária de prosa vazia, é da autoria de João Pinharanda. 
A "obra" a seguir é a "Casa Deitada", de Carlos Nogueira,  que proponho se faça, a partir dela, a "Casa Deitada Abaixo"
A terceira imagem, segundo João Pinharanda, "remete-nos para a figuração pelo artista ainda adolescente de uma cidade com as suas habitações".
Não há palavras.
.

A MARIA E O' BIG BANG '

.
.
O que pensa a Maria do Big Bang e da inflação cósmica contínua? Toda a tarde lhe perguntei, mas não respondeu — sensata!

Um dia, John Updike, o famoso romancista americano, falou assim numa entrevista — depois de traduzido por mim, tentando não o atraiçoar:

[...] Passar do nada a "alguma coisa" exige tempo e o tempo não existia antes de "alguma coisa".  As perguntas sobre isso  não fazem sentido e devíamos deixar de as fazer.  Está para além da nossa capacidade responder.  Ponham-se na posição dum cão. O cão reage a estímulos, tem um pouco de intuição, olha-nos com olhos onde há alguma forma de inteligência e, contudo, o cão não deve perceber muitas das coisas que vê as pessoas fazerem. Não deve ter nenhuma ideia de como inventaram o motor de combustão interna. Então, precisamos é imaginar que somos cães e há factos para lá da nossa possibilidade de compreender.  Não tenho a certeza de que este é o meu ponto de vista definitivo, mas é a maneira de dizer que o mistério de ser é um mistério permanente, pelo menos no estado actual do cérebro humano. Tenho até dificuldade em acreditar — e isto vai ofender pessoas — a explicação científica padrão de como o universo se formou e cresceu a partir de quase nada. A noção deste planeta e todas as estrelas que vemos, e muitos milhares de vezes mais de outras, tudo concentrado num ponto do tamanho, digamos, dum bago de uva! Como, pergunto, podia isso ser possível?
Então, quando pensamos nisso, nós racionalistas — e somos todos racionalistas — aceitamos proposições sobre o princípio do universo que nos espantam mais que os milagres bíblicos. [...]
.
Updike não era físico atómico, mas tinha direito a ter opinião. É preciso dizer claramente que a teoria do Big Bang e a da inflação contínua do universo são teorias. Estão apoiadas em observações actuais e passadas, e frequentemente surgem novos factos explicáveis por tais teorias, com suporte matemático sólido. Têm lacunas ainda, mas não se lhes conhecem erros capazes de as invalidar. A probabilidade de estarem certas é enorme. Acredito nelas. Mas isso não me tira o direito, tal como não tirava a Updike, de as achar tão difíceis de aceitar como os milagres bíblicos.  
....

FLOR DO CACTO

.
.

VENTANIAS

.
.
Nas noites de 28 e 29 de Agosto de 1859, faz hoje 153 anos, uma brutal tempestade solar — com emissão de violentíssimos "ventos" de partículas eletricamente carregadas (protões e electrões) — causou auroras (aurorae borialis) visíveis em quase todo o mundo, e grandes transtornos nas redes do telégrafo. Os jornais encheram-se de descrições excitantes e muito provavelmente burras — digo eu, pelo conhecimento que tenho dos jornalistas — os poetas conceberam e os pintores não conseguiram verter na tela toda a inspiração que aquelas imagens fizeram brotar nos encéfalos de excepção que são os deles.
O "The New York Times", em estilo de jornal de Alguidares de Baixo, escrevia que os indígenas da cidade tinham assistido a uma coisa que só se vê uma ou duas vezes na vida, "com o céu decorado com lindíssimas colchas como não se via há anos". E em Havana, naquelas noites, "o céu parecia tingido com sangue, num estado de conflagração geral" — bonito, sem dúvida. Só não tenho pena por não ter assistido porque, se tivesse visto, já tinha batido as botas.
Vento solar há sempre, com se sabe e disse há dias. É constituído por partículas positivas e negativas, que se libertam da gravidade do Sol, e atravessa todo o Sistema Solar a grande velocidade até ao espaço interestelar, onde "morre" na heliopausa. Forma uma "bolha" muito grande em volta da nossa estrela, quase tão grande como a bolha financeira que nos atirou de patas ao ar.
No vento da bolha financeira, não há partículas positivas — é tudo negativo! Por isso é que dá sempre bota. O esperto B pede 100€ a A com juro de 1%; depois empresta-os a C, com juro de 2%; o C empresta ao D, com juro de 3%; blá, blá, blá. Resumindo e concluindo, A, B, e C são todos credores de 100€, o que faz uma fortuna patrimonial de 300€, mas é tudo mentira — na realidade, só há uma "laberca" de 100€: o resto é falso e esperteza de vigarista, mais nada.
É do vento dos mercados financeiros que se deve ter medo, porque do vento solar a Terra defende-se bem com o campo magnético que afasta as partículas todas. Pena que não afaste também os vigaristas de Wall Street e outros sítios mal afamados, e não os mande para o Diabo que os carregue mais velozes que um hadrão no aceleredor de partículas de Genebra.
.

FIM DE UM DIA BEM PASSADO

.
.
27-08-2012  Aniversário do Francisco
.

UMA HISTÓRIA AOS QUADRADINHOS

.
.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

OS GRANDES VELEIROS

.
.
"Royal Clipper"
.

A ESPERANÇA NA PONTA DUMA CANA


.

NAVIO FANTASMA

.
.
Banco de nevoeiro
28-08-2012
.

A FILOSOFIA DOS FÍSICOS

.
As relações entre a Física — alguns físicos, talvez melhor — e a Filosofia não têm sido fáceis ao longo dos anos, desde que as duas disciplinas se separaram. Falámos há dias do físico Feynman e da sua má relação com as humanidades, especialmente com a Filosofia. Acrescento ao que ali citei de Feynman  mais uma: "Os filósofos estão sempre connosco (físicos), esforçando-se por nos dizer alguma coisa; mas nunca chegam a perceber as subtilezas e a profundidade do problema".
No ano passado, Stephen Hawking, numa conferência em Londres, dizia ao mundo, tout court: "A Filosofia está morta".
Bertrand Russel, físico e filósofo, tentava o compromisso: "A Filosofia busca o conhecimento e, quando o obtém numa área, a área deixa de ser chamada Filosofia".
Nietzsche, no outro lado da barricada, disparava: "À medida que o círculo da ciência se alarga, são cada vez mais as áreas de paradoxo que engloba".
Talvez tenha razão quem escreve que os físicos expandem o círculo e os filósofos procuram eliminar os paradoxos. Não sei. Tenho a intuição que, em boa verdade, em termos de progresso do conhecimento do universo, a Filosofia não resolve nada. Mas é uma disciplina fascinante quando cultivada por alguns. Ironicamente — e aqui queria chegar — quando cultivada por físicos! 
.

INCURSÃO ALÉM TEJO

.
..
Jornada até Campo Maior, em demanda da terra de Preste Francisco  paragem em Vendas Novas para as bifanas, no primeiro posto de reabastecimento oficial.
(27-08-2012)
.

EUGENIA

.


Na semana passada, apareceu na revista "Nature" um artigo sobre as mutações observadas no genoma humano, em função da idade dos progenitores — ou seja, de que modo a idade dos pais determina a probabilidade de ter características genéticas diferentes nos filhos, através de mutações que condicionam doenças como o autismo, a esquizofrenia e outras coisas mais.
Todo o ser se desenvolve a partir dum ovo formado por um óvulo feminino fecundado por um espermatozóide masculino — metade do genoma do ovo é de origem feminina e a outra metade de origem masculina, portanto.
A mulher nasce com o número de óvulos de que vai precisar durante a idade fértil, óvulos esses que já não se dividem mais. A probabilidade de ocorrerem mutações no genoma dos filhos a partir do óvulo materno é assim pequena. No homem, as células reprodutivas, os espermatozóides, estão em permanente multiplicação durante a fertilidade e cada multiplicação é oportunidade para ocorrerem mutações. Quantas mais oportunidades, mais mutações — logo, o homem vai acumulando mutações ao longo da vida. Por isso, a maioria das mutações nos filhos são da responsabilidade do pai.
Por outro lado, as mutações podem ser benéficas ou prejudiciais, mas mostra a experiência que são maioritariamente prejudiciais.
Como os homens vivem mais tempo agora e se reproduzem até mais tarde, por razões sociais principalmente, podemos concluir que o homem está a contribuir para degenerescência da espécie. Isso mesmo concluiu o estudo referido da "Nature", ao demonstrar que as crianças com autismo e esquizofrenia são principalmente filhas de pais (homens) mais velhos.
A eugenia está muito mal vista, especialmente depois da eugenia nazi. Acho que há eugenia e eugenia e, no caso vertente, parece elementar, pelo menos, divulgar os riscos do homem procriar a partir de certa idade — eugenia sem imposições, ou limitações; mas eugenia através da informação.
..

UMA NOITE MAL DORMIDA

.
.
...eh...eh...eh...
28-08-2012
.

O MUNDO DA ' TROIKA '

.

O Professor Martelo disse hoje que, caso fosse membro do Governo, "não pedia coisa nenhuma" à troika porque "pedinchar é a pior coisa que se pode fazer" para conseguir os objectivos. E acrescentou que se deve deixar a troika descalçar a bota que nos mandou calçar — o estilo literário é meu, mas anda perto do que disse.  
Estou completamente de acordo, embora ao Professor a minha opinião interesse tanto como a de Jerónimo de Sousa interessa a mim. Houve uns alarves megalómanos e semicultos — pior que a ausência de cultura, só mesmo a meia-cultura — que puseram Portugal de cócoras, com as calças na mão e a caixa das esmolas humilhantemente estendida à caridade internacional, coisa que deixou de existir há muito tempo. Para não passarmos fominha, tivemos que nos sujeitar a regras ruinosas cujo resultado está à vista. Felizmente, cumprimos as pessegadas da troika escrupulosamente, o que nos dá margem para lhes perguntar: Agora, cara, conta para a gente o que se faz a seguir?
Se tivéssemos andado a fazer variações, iríamos ouvir que a culpa da situação actual era das variações. Assim, a bola fica do lado deles. Apesar deste mundo ser cão, ainda não chegou ao ponto canino — penso eu — de poderem ignorar a borrada que fizeram.
...

A HISTÓRIA EM FOTOGRAFIAS

.

VOZ INTERPLANETÁRIA

.

.
Esta é a voz de Charles Bolden, Administrador da NASA, numa mensagem dirigida aos trabalhadores da Agência via rover Curiosity, em Marte — isto é, a voz foi radiodifundida para Marte e enviada de regresso pelo rover para os trabalhadores. O texto, que  pode ser lido nas legendas (clicar em "CC"), é o que segue: 

Hello. This is Charlie Bolden, NASA Administrator, speaking to you via the broadcast capabilities of the Curiosity Rover, which is now on the surface of Mars.
Since the beginning of time, humankind’s curiosity has led us to constantly seek new life…new possibilities just beyond the horizon. I want to congratulate the men and women of our NASA family as well as our commercial and government partners around the world, for taking us a step beyond to Mars.
This is an extraordinary achievement. Landing a rover on Mars is not easy – others have tried – only America has fully succeeded. The investment we are making…the knowledge we hope to gain from our observation and analysis of Gale Crater, will tell us much about the possibility of life on Mars as well as the past and future possibilities for our own planet. Curiosity will bring benefits to Earth and inspire a new generation of scientists and explorers, as it prepares the way for a human mission in the not too distant future.
Thank you. 
.

SEM PALAVRAS

.

.
(Colaboração de Malema)
..

ONDE É QUE JÁ VIMOS ISTO?

.


Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o levaram para a Delegacia.

D - Delegado
L - Ladrão

D - Que vida mansa, hein, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!

L - Não era para mim não. Era para vender.

D - Pior, venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!

L - Mas eu vendia mais caro.

D - Mais caro?

L - Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.

D - Mas eram as mesmas galinhas, safado.

L - Os ovos das minhas eu pintava.

D - Que grande pilantra... (mas já havia um certo respeito no tom do delegado...)

D - Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...

L - Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio..

D - E o que você faz com o lucro do seu negócio?

L - Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.

O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:

D - Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?

L - Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.

D - E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?

L - Às vezes. Sabe como é.

D - Não sei não, Excelência. Me explique.

L - É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora fui preso, finalmente vou para a cadeia. É uma experiência nova.

D - O que é isso, Excelência? O senhor não vai ser preso não.

L - Mas fui pegado em flagrante pulando a cerca do galinheiro!

D - Sim. Mas primário, e com esses antecedentes... e respetivas equivalências... Prof. DOUTOR... preso ???... Nem pensar!!
.
(Colaboração de António-Pedro Fonseca)
.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

OS GRANDES VELEIROS

.
.

FENESTRA

.
.

II CLASSE

.
.

VEICULO DE TRACÇÃO ANIMAL

.
.

PLATEIA

.
.

CASA DE DEUS

.
.

domingo, 26 de agosto de 2012

OS GRANDES VELEIROS


.
Full sailing
.

'GANDA' CAVACO !

.

Cavaco deve intervir para PS não votar contra Orçamento, diz Daniel Bessa. Marcelo quer que Cavaco recorra ao Constitucional sobre a concessão da RêTêPê. É pedir muito Excelências!
Dada a competência de Vossas Excelências, não tenho um nanograma de dúvida que estão a pedir o devido. Mas Cavaco fazer isso tudo, Excelências? Em quanto tempo? Pelas minhas contas, Cavaco tem apenas quatro anos de mandato à sua frente. Como querem Vossas Excelências isso tudo em quatro anos? Não dá.
Cavaco é da minha idade e por isso eu sei o que é ser da idade de Cavaco. No caso vertente, eu precisaria, no mínimo, de oito anos para tomar tanta decisão.
Excelências: sei que querem o melhor para a Pátria e agradeço-lhes pela parte do melhor que me tocaria. Mas sejamos compreensivos — um homem não é de ferro, mesmo Presidente da República.
.

GRANDES FOTOGRAFIAS

.

TEIMOSIA E PRECONCEITO

.

Galeno, mais precisamente Cláudio Galeno, nasceu em 129 AD, em Pérgamo — hoje na Turquia  — filho de pais gregos. Estudou Medicina em Alexandria, voltando depois a Pérgamo onde foi médico da escola de gladiadores. Tal trabalho deu-lhe enorme experiência no tratamento de feridas e fez dele um médico de primeira água na época. Em 160, foi para Roma, onde foi médico do imperador Marco Aurélio e seus sucessores Comodius e Septimius Severus.  Uma figura importante, sem dúvida,  cujo espírito científico dominou a Medicina durante mais de 1.500 anos.
Galeno investigava — não cultivava a formulação teórica de conceitos, como inesperadamente  viria a acontecer durante anos depois na Medicina. Dedicava grande cuidado à dissecção de animais, descobrindo, por exemplo,  que a urina era produzida no rim e não na bexiga como se dizia até aí, e que o sangue circulava nas artérias — e era aqui que queria chegar.
Galeno, no Século II, descobriu que o sangue circulava nas artérias. E sabe o leitor, menos familiarizado com estas coisas, quando se descobriu a circulação sanguínea? Extraordinariamente, só em 1628, William Harvey, médico nascido na Irlanda e formado na Universidade de Cambridge,  publicou um livro intitulado "Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus", onde explicava que o sangue era bombeado nas artérias pelo coração e distribuído por todo o organismo, voltando depois ao coração através das veias. Em resumo, entre Galeno e Harvey passaram 15 séculos! E sabe porquê?
Não é possível dizer em meia dúzia de linhas a razão disto — em boa verdade, esta matéria dava para escrever um tratado. Mas, com algum prejuízo do rigor, simplificando até ao osso, direi que foi o preconceito o culpado. Primeiro, dos gregos; depois, da Igreja. Na realidade, só no Século XV, sob a pressão de artistas como Leonardo da Vinci, Rafael e Miguel Ângelo, a Igreja começou a ser mais tolerante em relação a investigações no corpo humano.
Sei que os pastores da Igreja são homens falíveis como todos os outros. Mas para uma coisa assim  não há pachorra, com o devido respeito e sem querer ofender ninguém. É que não dizer isto contribui para perpetuar outros preconceitos; não direi preconceitos com a mesma gravidade, mas também perniciosos quanto baste. Aí está.
.