segunda-feira, 20 de agosto de 2012

MULTIVERSO

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Um dos problemas actuais da Física e da Filosofia é o da existência ou não de vários universos — dois, três, quatro, vinte e sete, trinta e oito, um número qualquer, não interessa  — e, em caso afirmativo, o que se passa com eles e neles. A interrogação já vem da antiguidade, mas é mais premente agora, dados os conhecimentos ligeiramente mais avançados que temos do cosmos no Século XXI.
A primeira questão é semântica porque, se se diz que o universo é tudo que existe, aquilo a que chamamos outros universos são parte do tudo que existe, logo são simplesmente universo.  O que na realidade está em causa é a existência de regiões com enorme  dimensão, afastadas umas das outras, sem capacidade material para comunicarem,  eventualmente com estrutura paralela, mas diferente —  por exemplo com cinco, dez ou doze dimensões, partículas elementares de massa diferente, obedecendo a leis diferentes e com mais ou menos forças do que as quatro do mundo que conhecemos.
Naturalmente que é possível uma hipótese assim. Não se diz que sim, mas não se pode contestá-la. Aliás, a homens como Weinberg, Feynman, Hawking e outros físicos ilustres, não repugna a ideia. E deve também dizer-se que há observações favoráveis, como a radiação cósmica de fundo, designada por "eco do Big Bang", que os físicos valorizam.
Chegados aqui, a pergunta é: E para que serve tal ideia? Não quero assumir o papel de desmancha prazeres ignorante e pretensioso mas, quanto mais leio sobre isso, mais fico com a ideia de que não serve para nada. E também constato que os físicos, sem repudiar a teoria, se mantêm a discreta distância do problema. É sobretudo aos filósofos que ela interessa e que com ela fazem mais fogo — claramente, o tipo de especulação sobre matéria que jamais será esclarecida, com todas as condições para  seduzir filósofos. E não quero com isto dizer que não tenho grande respeito e admiração por eles, sobretudo pelo rigor e criatividade do seu raciocínio. Mas neste caso é simplesmente um exercício intelectual elegante, mais sedutor que o Sudoku, mas só isso.
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