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O "Correio da
Manhã" publica hoje, na página de opinião, uma peça da autoria de um
senhor—provavelmente doutor porque é Tesoureiro do Sindicato dos Magistrados do
Ministério Público—de seu nome Joaquim Arrepia Ferreira, verdadeira obra de
antologia, digna de figurar ao lado dos escritos de Baptista Bastos, se este
não se sentir plagiado. É grande a ideia e a forma, mas pequena a extensão
gráfica, pelo que se transcreve a seguir. O título é "Alternativas"
O querer a inevitabilidade da austeridade em
aplicação, feita maná da sobrevivência, é coroar o país de injustiça, consagrar
a iniquidade e a incoerência, desestruturar a sociedade como subjugar na
penúria o povo luso para gáudio e proveito de nababos, negreiros, onzenários e
afins.
Os cidadãos não são os responsáveis das
fissuras tidas por causas da dor que se propaga. Não têm mais culpa que os
demais cidadãos das anomalias vindas de São Bento, das complacências de Belém e
dos avais de Bruxelas. O poder que isto posterga despedaça a Pátria,
enxovalhando-lhe a alma já em coma, como empurra para o precipício do desespero e do
desterro. O Estado só sendo justo é digno. Para tanto, tem de perceber os erros
e emendá-los. Se o não faz, a sociedade enraivece. Uma sociedade assim apaga a
luz do futuro, prolonga a agonia do presente e acaba por lembrar à Europa
tempos idos causadores de descontrolados males para todos. Enquanto é tempo,
abracem-se alternativas, que necessariamente tem de haver.
Uma alternativa sugiro ao jornal: publique diariamente
uma peça deste senhor para alegrar a desgraça dos portugueses, vítimas da dor que se
propaga, com a alma enxovalhada e já em coma, empurrados para o precipício do
desespero e do desterro. Só assim, penso
eu, a sociedade se não enraivece, liga o interruptor da luz do futuro e acaba
com a agonia do presente. Mas tem que ser enquanto é tempo, atenção a isso.
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