quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O NARIZ É PARA SEGURAR OS ÓCULOS

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Tenho falado no facto da vida na Terra acabar dentro de mil milhões da anos—mais coisa, menos coisa—e no que isso representa em termos teológicos. Se não há mais homens no universo para manterem a espécie, é caso para perguntar porque ocorreu neste canto do universo esta explosão fátua de inteligência, privilegiada com uma qualidade especial chamada alma que lhe garante a eternidade.
O argumento da existência de Deus chamado do Plano Divino diz que só com a intervenção d'Ele era possível reunir as condições necessárias à nossa existência. Embora tal argumento tenha sido contestado, mesmo ridicularizado, dizendo-se, por exemplo, que os coelhos têm a ponta do rabo branca para facilitar a pontaria aos caçadores, e que o nariz do homem é como é para poder usar óculos,  a verdade é que se mantém com crédito em muitas escolas, não obstante Darwin ter explicado muitas coisas, nomeadamente que o meio não é assim por causa dos seres vivos, especialmente do homem, mas os seres vivos, incluindo o homem é que são assim porque tiveram de se adaptar a esse meio.
Mas é sobretudo a perspectiva do fim do homem a prazo certo que não encaixa no argumento. Os defensores deste contestam que, a ser a perspectiva real, a coisa seria tão deprimente que ninguém  conseguia viver.
Vale a pena meditar sobre isto. Todos sabemos que vamos morrer um dia, mas ninguém, ou quase ninguém, vive apavorado com isso. Os jovens porque acham que ainda falta muito tempo, os velhos porque esperam ainda alguma folga e assim se confortam. Porque iria alguém preocupar-se com o desaparecimento de toda a gente daqui a mil milhões da anos? Esta não cabe na cabeça!
Em minha opinião, a ideia mais sensata seria acabar com a fantasia de tentar provar a existência de Deus através do raciocínio lógico. Ninguém consegue provar que existe, tal como não consegue o contrário. O problema é matéria de fé que não é discutível, pela própria definição desta. Assim, talvez se chegue a um acordo, desde que não crentes, e sobretudo os crentes mantenham atitudes razoáveis e se abstenham de fundamentalismos teológicos que têm sido historicamente uma praga de todas as religiões, completamente actuais nalguns casos.
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