Imaginemos a afirmação de que o actual rei de França é careca. É falsa. Logo, a inversa deve ser verdadeira: o actual rei de França não é careca. Infelizmente, esta não é melhor! Talvez nenhuma seja verdadeira ou falsa—apenas sem sentido. E, apesar disso, mesmo sem sentido, têm significado. É esse o problema!
Problema para quem?! Para os filósofos, naturalmente. Embora
a França seja república há mais de dois séculos, a careca do rei de França continua
a ser discutida e analisada pelos filósofos. Bertrand Russell, por exemplo,
escreveu uma obra considerada fundamental sobre a matéria "On
Denoting" ("Sobre a
Representação"—em tradução livre). Fundamental para a lógica,
acrescente-se.
Dir-se-á que os filósofos arranjam a comichão para depois
se coçarem. À primeira vista assim parece. Mas, se fizermos uma lista das
pessoas que são carecas e outra das pessoas que o não são, o rei de França não
figura em nenhuma. O mesmo pode acontecer na Matemática. Por exemplo, dizer que
o número primo mais alto não existe é um absurdo: na realidade, há sempre outro mais alto, mas o afirmado equivale a dizer que todos os
números primos existem, excepto o mais alto. Há um vício de linguagem que pode
conduzir a conclusões erradas; e vícios assim têm inquinado a lógica ao longo dos séculos.
Portanto, quando digo que Passos Coelho é um nabo, Tozé um
nabo é, Portas é outro nabo, tal como Jerónimo, Semedo, e rebabá, não sei se estou
a respeitar as normas de Russell "On Denoting"—careço duma lista da
FAO onde constem todos os nabos do planeta para verificar se estão lá; embora
seja meu palpite que figuram na totalidade. Mais o rei de França, claro! Eh, eh, eh...
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