sábado, 8 de agosto de 2015

COMPULSÃO RODOVIÁRIA

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Dizem os jornais que as auto-estradas construídas a Sul do Tejo, nos anos de ouro dos fundos comunitários, não registam tráfego suficiente para justificar a sua existência. O número de viaturas que as percorre diariamente não chega para suportar a manutenção.
A conclusão baseia-se num  estudo feito por Jorge Paulino Pereira, professor de Vias de Comunicação no Instituto Superior Técnico e Ana Guerreiro, engenheira civil com actividade na área das infra-estruturas viárias. Os autores do estudo opinam que a construção foi baseada em previsões optimistas de tráfego e também na vontade dos políticos em fazerem obra.
E aqui é que a porca torce o rabo porque fica por explicar o que é a "vontade de fazer obra" dos políticos. Dizem os dicionários, entre outras coisas, que vontade é a faculdade comum ao homem e a outros animais pela qual o espírito se inclina a uma acção. Portanto, o espírito dos políticos inclina-se à acção de fazer autoestradas, inclinação inesperada.
O que os leva a fazer autoestradas e não colheres de pau, renda de bilros ou chupa-chupas? Seguramente uma compulsão psíquica mal esclarecida, a merecer melhor atenção das autoridades sanitárias. É que a dependência da construção de autoestradas e outras obras públicas começa a constituir um problema complicado para o erário público e, se calha, até tem tratamento médico. Quem sabe?
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