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A humanidade na sua origem vivia dispersa em espaços imensos, agrupada
em pequenos núcleos. Durante a maior parte da sua existência, o homem não se
encontrava com mais de poucas dúzias de pessoas, havendo situações frequentes
de quase total solidão. Aparentemente, isso fazia parte da sua natureza.
Contudo, nos últimos séculos assistiu-se à urbanização progressiva, com
organização de concentrações maciças de gente. Tornou-se comum viver em locais
onde nos cruzamos diariamente com dezenas ou centenas de pessoas que nunca
vimos e não conhecemos.
Naturalmente, o fenómeno da urbanização tem explicação fácil. Há razões
óbvias, de natureza económica e social, para que ocorra. Mas a pergunta é se não
se trata de comportamento contra-natura; ou seja, não estamos a contrariar um
comportamento individual instintivo em nome de algumas vantagens sociais?
É óbvio que a pergunta é complicada e a resposta muito mais. O que faz
suspeitar da eventual inaceitabilidade do fenómeno do ponto de vista da psicologia
individual é a velocidade com que a urbanização se desenvolveu. Depois de
milénios de pequenos núcleos populacionais, em poucos séculos nasceram urbes
com populações de milhões de habitantes. Consultando o Google (sempre ele!),
pode constatar-se que há uma dúzia de cidades no planeta albergando mais de 10
milhões de habitantes, com Xangai à cabeça, quase com 20 milhões.
É isto natural? Não é, seguramente. Do exclusivo ponto de vista
biológico, é uma violência imposta ao Homo
sapiens que colide com a sua condição original de caçador recolector, sacrificada
pelo crescimento populacional. Começou com a agricultura e acabou na situação
protagonizada por Charles Chaplin no filme "Tempos Modernos",
situação em que ainda vivemos.
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