domingo, 9 de agosto de 2015

É A URBANIZAÇÃO CONTRA-NATURA ?

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A humanidade na sua origem vivia dispersa em espaços imensos, agrupada em pequenos núcleos. Durante a maior parte da sua existência, o homem não se encontrava com mais de poucas dúzias de pessoas, havendo situações frequentes de quase total solidão. Aparentemente, isso fazia parte  da sua natureza.
Contudo, nos últimos séculos assistiu-se à urbanização progressiva, com organização de concentrações maciças de gente. Tornou-se comum viver em locais onde nos cruzamos diariamente com dezenas ou centenas de pessoas que nunca vimos e não conhecemos.
Naturalmente, o fenómeno da urbanização tem explicação fácil. Há razões óbvias, de natureza económica e social, para que ocorra. Mas a pergunta é se não se trata de comportamento contra-natura; ou seja, não estamos a contrariar um comportamento individual instintivo em nome de algumas vantagens sociais?
É óbvio que a pergunta é complicada e a resposta muito mais. O que faz suspeitar da eventual inaceitabilidade do fenómeno do ponto de vista da psicologia individual é a velocidade com que a urbanização se desenvolveu. Depois de milénios de pequenos núcleos populacionais, em poucos séculos nasceram urbes com populações de milhões de habitantes. Consultando o Google (sempre ele!), pode constatar-se que há uma dúzia de cidades no planeta albergando mais de 10 milhões de habitantes, com Xangai à cabeça, quase com 20 milhões.
É isto natural? Não é, seguramente. Do exclusivo ponto de vista biológico, é uma violência imposta ao Homo sapiens que colide com a sua condição original de caçador recolector, sacrificada pelo crescimento populacional. Começou com a agricultura e acabou na situação protagonizada por Charles Chaplin no filme "Tempos Modernos", situação em que ainda vivemos.
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