quarta-feira, 19 de abril de 2017

QUEM VÊ CARAS . . .

.
.
Por razões que não interessam, nunca "fui à bola" com Jorge Sampaio. Independentemente doutras razões, sempre achei Sampaio presumido e auto-sobrevalorizado para uma pessoa com encéfalo confuso, profuso,  obtuso e outros adjectivos a rimar com parafuso, como jerimunzeiro e gringonceiro. Sampaio é prolixo, difuso, cafuso, efuso — embora ninguém veja o que efundiu — e passa por ser um génio, mas só se vê nele mau génio. Como o Dantas, não precisava de ir para o Rocio para ser um pantomineiro — bastava-lhe ser pantomineiro — Sampaio também não precisa de ir ao Rocio para ser um bluff.
Toda esta conversa nasce, brota, decorre, eflui, para usar um estilo consonante com a conversa de Sampaio, da leitura do artigo de  Diniz de Abreu no semanário Sol de 15 do corrente, em que diz, entre outras coisas mais importantes, que Sampaio foi infeliz em várias  passagens do que já veio a público do 2.º volume da sua história de vida, cuja editora, para assegurar tão ciclópica tarefa, precisou do apoio de uma ‘bolsa’ financiada por várias instituições e empresas, com valores que ficaram sigilosos, vá lá perceber-se porquê. Fica-se, isso sim — digo eu —, a pensar que comentário de Sampaio mereceria este facto, fosse ele protagonizado por um qualquer adversário político. Mas isso não interessa agora porque, do que Diniz de Abreu diz, interessa a relação de Sampaio  com Macau e com o governador de então, general Rocha Vieira.
Escreve Diniz de Abreu: Se na política interna os rancores de Sampaio – em contraste com a fleuma que gosta de cultivar – se exprimiram por um inacreditável «fartei-me do Santana como primeiro-ministro», já na ‘frente macaense’ o antigo chefe do Estado destila um ressentimento vesgo sobre a personalidade do último governador responsável pela administração portuguesa de Macau.
Fica-lhe mal.
Sampaio convenceu-se – ou convenceram-no – de que Rocha Vieira estaria a ‘glorificar-se’ em Macau para se lhe opor como candidato presidencial. E a hipótese perturbou-o, temendo que ensombrasse a desejada entronização num segundo mandato em Belém. E nunca mais arredou pé dessa ideia, cavando divergências com o governador – ao mesmo tempo que mantinha na ‘reserva’ um conselheiro e seu grande amigo, o advogado Magalhães e Silva (que há muito sonhava com o lugar, após uma passagem pelo executivo local).
Sucede que nem Sampaio teve coragem para substituir Rocha Vieira, nem Magalhães e Silva se resignou à perda da oportunidade histórica. E ambos elegeram Rocha Vieira como uma espécie de ‘inimigo de estimação’.
A crónica do que se passou a seguir não foi edificante. Sampaio adiou por tempo escandaloso a condecoração devida a Rocha Vieira e quis entregá-la sem dar nas vistas.
Quando o assunto parecia arrumado, eis que Sampaio aproveitou o livro para confessar que «nunca gostei de Macau» e sublinhar a sua acrimónia com esta pérola: «Em 500 anos nem ao menos conseguimos ensinar português e ficámos com a fama de tipos que foram para lá enriquecer».
Diz mais a crónica que pode ler na íntegra aqui, porque vale a pena. Quem vê chorinhas na TV, não vê corações! — é bem verdade!
PS - A parte da prosa que é transcrita de Diniz de Abreu vai em itálico e a cor vermelha para que fique bem identificada. O azul é meu.
 ..

Sem comentários:

Enviar um comentário