quinta-feira, 6 de julho de 2017

AS OBRAS DA FONTE NOVA

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Há três anos, um grupo de investigadores fez o relatório das conclusões tiradas do rastreio do ADN na população de Framingham, uma parvónia do Massachussetts, desde 1948: quase 2.000 residentes, 1.367 dos quais eram pares em relações de amizade de ambos os sexos, mas sem nenhuma relação de parentesco. Constataram que os amigos tinham mais traços genéticos em comum que os não amigos (não estou a falar de inimigos), traços quase tão comuns como os observados em geral nos primos em quarto grau, o que em genética é significativo.
Portanto — e como tudo tem uma explicação, mesmo que não se conheça — importa perceber porquê o referido. Deve haver uma razão e, se calha, Darwin está metido nisso! Será que a amizade, condicionada pela genética, ajuda à sobrevivência? Inesperadamente, parece que sim — amizade será mecanismo de defesa da espécie.
Se se era mais sensível ao frio, é compreensível que a tendência, ou gosto, para fazer fogueiras condicionasse a amizade, ou o acasalamento. O mesmo para alguns sentidos como o olfacto. É natural que o convívio seja mais provável entre pessoas que partilham a mesma sensibilidade ao mau — ou ao bom — cheiro.
Curiosamente, as diferenças genéticas também poderiam ser úteis, e elas existem nalguns aspectos, em maior número em pares de amigos que na população em geral. Por exemplo, no que respeita à imunidade. A susceptibilidade a algumas doenças microbianas tende a juntar-se a protagonistas resistentes, o que diminui a probabilidade de contágio e por aí fora.
Dir-se-á que tais pontos de vista são de eficácia tão lenta que dificilmente se aceitam. A verdade é que a selecção natural não tem pressa nenhuma — nunca teve: por isso demorou tanto até alguém se lembrar dela. Milhares de gerações são minutos. Quanto tempo acha que, no homem, demorou a perda da oponência no dedo grande do pé?. Não sei, mas muito mais que as obras em frente da Fonte Nova!

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