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Será legítimo separar ‘homens’ e ‘mulheres’ pela configuração das respectivas genitálias? Obviamente que não: o sexo não determina o sexo. Melhor falar em ‘género’ porque a fluidez da espécie a isso obriga: parafraseando o dr. Freud sobre as bananas, às vezes um pénis é apenas um pénis. Nada obriga a que o respectivo portador se sinta ‘homem’ por
causa disso. Felizmente, o governo está sintonizado com o ar do tempo e promete novos cartões de cidadão onde o ‘género’ substitui o sexo. Faz bem. Embora, aqui entre nós, o ideal fosse não haver género, como chegou a ser aventado. Se tudo é uma construção subjectiva sem nenhuma caução biológica, é perfeitamente razoável ser homem às segundas, quartas e sextas; mulher às terças e quintas; e uma mistura andrógina aos sábados. Aos domingos, não haveria género. Nem sexo. Os dias de descanso existem para alguma coisa.
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João Pereira Coutinho in "Correio da Manhã"
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domingo, 24 de fevereiro de 2019
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