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[...] A coragem cívica não só desertou globalmente do mundo ocidental, mas também dos países que o compõem, de cada um dos seus governos, de cada um dos seus partidos e, bem entendido, da Organização das Nações Unidas. Este declínio da coragem é particularmente sensível na camada dirigente e na camada intelectual dominante e daí vem a impressão que foi de toda a sociedade que a coragem desertou. É evidente que há ainda muita coragem individual, mas não são essas pessoas que orientam a vida da sociedade. O funcionários políticos e intelectuais patenteiam este declínio, esta fraqueza e esta irresolução tanto nos seus actos como nos seus discursos e, mais ainda nas considerações teóricas que fornecem com toda a complacência para provarem que esta maneira de agir, que alimenta a política de um estado na cobardia e no servilismo, é pragmática , racional e justificada seja qual for o plano intelectual, ou mesmo moral, em que nos coloquemos. Este declínio da coragem que, aqui e ali, parece ir até à perda de todo e qualquer vestígio de virilidade, encontramo-lo realçado com uma ironia especial nos casos em que esses mesmos funcionários sofrem súbitos acessos de valentia e de intransigência para governos sem força, de países fracos que ninguém apoia ou para correntes condenadas por todos e que, manifestamente, não têm qualquer possibilidade de poder ripostar, ao passo que sentem a língua e as mãos paralisarem-se-lhes diante de governos mais poderosos e das forças ameaçadoras, diante dos agressores e da Internacional do terror […] Alexandre Sojenitsyne in “O Declínio da Coragem"
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