Rosário Rebello de Andrade é pintora, com formação na Ar.Co.,
em Lisboa, e no Departamento de Cerâmica da Universidade de Massachussets. Foi
bolseira da Gulbenkian e vive e trabalha entre Portugal e Alemanha. Tem, neste
momento, uma exposição no Museu da Electricidade, em Lisboa: “Cartas Celestes:
Cruzamentos, Largos, Bifurcações”.
A ideia é pintar quadros inspirados em imagens de cidades do mundo, vistas
provavelmente de satélites, à noite, dando-lhes o aspecto de espaço sideral. É
a Terra vista do espaço e semelhante ao espaço.
No catálogo, é tudo embrulhado em retórica sem sentido,
como o trecho que a seguir se transcreve:
Estas imagens são um futuro possível
das cidades. Um dia, um astrónomo do futuro numa civilização distante poderá
ver projectada no espelho do seu telescópio a imagem velha das nossas cidades,
já mortas, sem luz, e verá uma imagem invertida que se assemelhará a estas.
Quando ele vir essa imagem, as cidades, essas, terão desaparecido há muito.
Passando por cima do estilo, direi que, se o astrónomo
referido vir as cidades já mortas semelhantes às da exposição, elas não estarão
sem luz, mas, ao contrário, serão apenas luz, como pode ver-se em baixo. O
texto não é escrito pela pintora, mas provavelmente por um amigo de palavra
vazia. E cabotino.
Terminada a má língua, passemos à substância. A ideia das obras é feliz, original e fascinante, sobretudo para um apaixonado pela Astronomia. Mas nem
toda a boa ideia dá arte boa. O resultado estético prático neste caso é abaixo
do mediano, muito inferior, seguramente, às imagens que inspiraram a pintora e
às fotografias actuais e reais do espaço feitas pelos grandes telescópios da
NASA e da Spacial European Agency.
Seguem mais duas fotografias dos quadros, feitas hoje.
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