De há uns tempos a esta parte, apareceram por aí uns diletantes da teoria política canhota com uma frase supinamente incómoda, qual é a de que somos todos gregos. Pelo que me diz respeito, não sou. Não sou grego, não quero ser, e não passei procuração a ninguém para falar em meu nome.
Por três vezes estive na Grécia e por três vezes vim de lá vigarizado, roubado, enganado. Do motorista de táxi ao empregado do restaurante, do guia turístico ao vendedor de jornais, todos enganam o estrangeiro, provavelmente o pai também, a mãe, a avó, o gato e o pintassilgo. País cansativo pela necessidade de manter mão firme na carteira, de dia e toda a noite. Coisa parecida só no Magrebe onde, apesar de tudo, são mais discretos e menos toscos a enganar os infiéis.
Mas, como se viu, o espírito trampolineiro não é atributo
popularucho apenas. Os responsáveis políticos dos últimos anos não
desrespeitaram a tradição e, no melhor estilo helénico, aldrabaram a União
Europeia e a Zona Euro, com contas feitas à moda dos taxistas e dos empregados da
restauração.
Dizem os supra-citados diletantes que os zorbas são
vítimas da violenta intolerância dos alemães. Não adoro boches, mas compreendo
a falta de pachorra deles para gregos: é que os tipos não têm a noção do que
chega e do que farta; são primários na trapalhice mesmo até depois de dizer basta.
Portanto, excluo-me dessa boutade de sermos todos gregos.
Se quem o diz é como eles, deixo aqui o aviso aos que me lêem: cuidado com as
carteiras!
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