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Empirismo é a forma suprema de aquisição do conhecimento.
O termo é muitas vezes usado como sinónimo de forma não sofisticada de aprendizagem,
mas é, na realidade, a base da investigação científica. O investigador aprende
com a experiência, não com o que diz ou escreve a autoridade “oficial”. Disso
ficámos fartos e estamos curados. Darwin que o diga. Galileu também.
O lema da "Royal Society of London", a principal
instituição científica inglesa, é Nullius
in Verba, que significa não tomes a palavra pela verdade, referindo-se
naturalmente à verdade científica. É preciso basear o conhecimento em provas materiais
e não em doutrina teórica, muitas vezes contaminada por viés político,
religioso, filosófico, étnico, ou outro de semelhante teor.
No tempo de
Galileu, a doutrina oficial era o aristotélico geocentrismo, com a Terra no
centro do universo e todos os astros, perfeitamente redondos e lisos, a circular
em rigorosas órbitas circulares à sua volta. Galileu construiu um telescópio
rudimentar e viu montanhas na Lua, manchas no Sol (sunspots), fases em Vénus,
satélites em Júpiter e anéis em Saturno. Correu para o seu colega na
Universidade de Pádua, Cesare Cremonini, para lhe mostrar. Cremonini nem quis
espreitar: recusou-se a olhar pelo telescópio de Galileu, alegando ter a
certeza que Aristóteles estava certo; e também que espreitar pelo tubo lhe fazia
tonturas!
Outros colegas de
Galileu diziam que aquele tubo só era fidedigno para coisas na Terra. No
espaço, dava informações erradas. Um professor do "Collegio Romano" insinuava
que Galileu havia posto os quatro satélites de Júpiter dentro do telescópio. E
os professores de Florença acreditavam que não havia nada mais para descobrir
na natureza - estava tudo nos livros, segundo eles.
Estamos a falar de
homens de ciência, não de autoridades religiosas com um viés que a gente
compreende. Mas eram homens de ciência do Século XVI e isso os desculpará.
Contudo, hoje, Senhor, hoje, porque
continuamos a cultivar o obscurantismo do argumento de autoridade? Porque há
ainda tanta gente que se recusa a espreitar pelo telescópio de Galileu, porque
tem medo, acha que está tudo explicado, ou fica com tonturas?
O medo das tonturas
do telescópio é o pauzinho na engrenagem do progresso intelectual. Sem tirar, nem pôr!
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