Para quem nunca me leu, ou para os que me lêem pouco e representam
uma minoria da humanidade, modéstia à parte, recordo os cisnes pretos que se
considerava não existirem porque nunca alguém os tinha visto; até 1697, quando Willem de Vlamingh veio dizer que
estavam na Austrália. O mundo abriu a boca e o cisne preto passou a representar
o evento inesperado, imprevisível, com enorme impacto, que muda muita coisa, às
vezes tudo.
Já falei também
sobre o fenómeno da ciência progredir aos soluços, cada um, quase sempre, fruto
dum cisne preto. Resumindo e concluindo, o que faz falta não é animar a malta,
mas encontrar o cisne preto. Se possível, muitos.
Mas a ciência não tem
o exclusivo do cisne preto, não senhor (e senhora). Em quase tudo na vida há
tal ave à espera de ser descoberta. Em boa verdade, até há mais na tecnologia
que na ciência. Exemplos não faltam. Alguém imagina como seria o mundo actual
sem o Google? Ou, melhor, há dez anos alguém imaginava como iria ser o mundo
com o Google? E o telemóvel? Em 2000, quem adivinhava que em 2010, na Índia, haveria
duas vezes mais pessoas com acesso a um telemóvel que a uma latrina?
É verdade, cisnes
pretos – himalaias deles - com urgência. Na política, por exemplo, quando se descobriu o
último? Na Revolução Francesa? Na Revolução Russa de 1917? Acho que nem numa
nem na outra havia cisnes, embora tivesse sido tudo muito preto. De toda a maneira,
foi há muito tempo! Continuamos com os mesmos rousseaus, agora aburguesados,
trampolineiros, descarados, oportunistas mal disfarçados, versão Teodorico “Raposão”.
A sociedade tem de
investir e abrir a caça ao cisne preto, mesmo sabendo que por cada cem disparos
do canhão só acerta numa Google ou numa Microsoft. Tem de criar – e agora vou
usar uma expressão felicíssima, quase um cisne preto da linguagem prá-frentex
actual – tem de criar, dizia eu, um novo paradigma de ecossistema social que
encoraja a inovação e a assumpção do risco. Com esta me despeço por agora. E bem!
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