segunda-feira, 21 de maio de 2012

FALIDO E MAL PAGO

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As Sete Obras de Misericórdia segundo Caravaggio
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Sete são as Obras de Misericórdia. Se estão escalonadas por critério de importância, a mais obrigatória é a de dar de comer a quem tem fome, sendo a de enterrar os mortos a última. Tem lógica a ordenação: primeiro os vivos e só depois os finados. Sendo assim, logo a seguir a matar a fome, vem a obrigação de matar a sede a quem a tem. À sede é dada grande importância, como se vê, nos livros sagrados - é a segunda.
Porque falo nisto? Porque acabo de ler que o senhor Luís Marmelete, proprietário do snack-bar “O Pirata”, na Ilha de Faro, só pratica a segunda Obra de Misericórdia a troco de 50 cêntimos, e apenas com direito a um copo de água da companhia, também conhecida por “água del cano”.
Diz o senhor Marmelete que, se começa a cumprir escrupulosamente o segundo preceito do Cristianismo em matéria de Misericórdia, ultrapassa o escalão da factura da água e não pode porque as coisas estão mal. Quem tem sede que vá beber na cova da mão no chafariz público e não na torneira do senhor Marmelete; mesmo que tome lá o café, ou coma uma bifana - quem não tem dinheiro não tem vícios!
Luís Marmelete é um génio! O tipo de cránio biblicamente condenado ao insucesso. O género de empresário que acaba falido e mal pago. De certeza.
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