sábado, 26 de maio de 2012

A CAIXA CRANIANA DE ANAXIMANDER

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Anaximander foi um filósofo grego da era pré-Sócrates (não confundir com pré-Zezito) que viveu entre 610 e 546 AC. Tinha encéfalo - e que encéfalo! - como vamos ver.
No tempo de Anaximander, todos pensavam que o mundo era Céu por cima das cabeças e Terra por baixo dos pés; e que tudo que estivesse acima do plano dos pés e abaixo do Céu caía em grande velocidade até ao nível dos pés, ou seja, de cima para baixo. Claro? Claríssimo!
Mas Anaximander começou a ver que a Lua e as estrelas rodavam em relação à Terra e saiu-se com esta: por baixo da Terra há mais Céu. Espanto geral: estamos todos a imaginar, e com razão!
Então, oh Anaximander, conta lá para a gente porque é que a Terra não vai por aí abaixo até ao fundo do Céu? E Anaximander disse-lhes que as coisas só caem para baixo na direcção da Terra e que a Terra não cai em direcção a coisa nenhuma. Complicado? Muito! Mais difícil que explicar a uma criança porque é que os australianos estão virados ao contrário e “não lhes sobe o sangue à cabeça”. Tão complicado que os chineses só perceberam a matéria no Século XVII, quando os missionários Jesuítas lhes explicaram; e foi preciso explicar muitas vezes. Atenção que  os chineses são espertos!
A ciência é assim: metem-se umas coisas na caixa craniana das pessoas, fazem o ninho, instalam-se, ocupam o espaço quase todo e dificilmente entra lá outra coisa. Como dizia há dias, a investigação do dia-a-dia é simples mastigação do ninho instalado no espaço pensador e avança lentamente por isso. Até aparecer um fulano com um ninho mais pequeno e espaço devoluto. Nessas condições, entra lá coisa nova e vem aí mais um solavanco, sobressalto, desassossego - o que lhe quiserem chamar - no conhecimento. Primeiro dizem que o fulano é louco; depois que é burro; depois que está ao serviço do grande capital, das multinacionais, da esquerda radical, blá, blá, blá; e quando por fim, qual Anaximander, conta que a Terra não cai para lado nenhum, ainda há alguns que não acreditam – quando foi colocado em órbita o "Sputnik 1", um professor de Aerodinâmica do Instituto Superior Técnico, de seu nome Varela Cid, desdobrou-se em entrevistas em que demonstrava ser impossível colocar um satélite em órbita, que era propaganda russa, que blá, blá, blá: caso típico de espaço craniano disponível inferior a 1 nanómetro cúbico!
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