Anaximander foi um filósofo grego da era pré-Sócrates (não confundir com pré-Zezito) que viveu entre 610 e 546 AC. Tinha encéfalo - e que encéfalo! - como vamos ver.
No tempo de Anaximander, todos pensavam que o mundo era Céu por cima das cabeças e Terra por baixo dos pés; e que tudo que estivesse acima do plano dos pés e abaixo do Céu caía em grande velocidade até ao nível dos pés, ou seja, de cima para baixo. Claro? Claríssimo!
Mas Anaximander começou a ver que a Lua e as estrelas
rodavam em relação à Terra e saiu-se com esta: por baixo da Terra há mais Céu.
Espanto geral: estamos todos a imaginar, e com razão!
Então, oh Anaximander, conta lá para a gente porque é que
a Terra não vai por aí abaixo até ao fundo do Céu? E Anaximander disse-lhes que
as coisas só caem para baixo na direcção da Terra e que a Terra não cai em
direcção a coisa nenhuma. Complicado? Muito! Mais difícil que explicar a uma
criança porque é que os australianos estão virados ao contrário e “não lhes
sobe o sangue à cabeça”. Tão complicado que os chineses só perceberam a matéria
no Século XVII, quando os missionários Jesuítas lhes explicaram; e foi preciso
explicar muitas vezes. Atenção que os
chineses são espertos!
A ciência é assim: metem-se umas coisas na caixa craniana
das pessoas, fazem o ninho, instalam-se, ocupam o espaço quase todo e
dificilmente entra lá outra coisa. Como dizia há dias, a investigação do dia-a-dia
é simples mastigação do ninho instalado no espaço pensador e avança lentamente
por isso. Até aparecer um fulano com um ninho mais pequeno e espaço devoluto.
Nessas condições, entra lá coisa nova e vem aí mais um solavanco, sobressalto, desassossego
- o que lhe quiserem chamar - no conhecimento. Primeiro dizem que o fulano é
louco; depois que é burro; depois que está ao serviço do grande capital, das
multinacionais, da esquerda radical, blá, blá, blá; e quando por fim, qual Anaximander,
conta que a Terra não cai para lado nenhum, ainda há alguns que não
acreditam – quando foi colocado em órbita o "Sputnik 1", um professor de Aerodinâmica do Instituto Superior Técnico, de seu nome Varela Cid, desdobrou-se em
entrevistas em que demonstrava ser impossível colocar um satélite em órbita, que era propaganda russa, que blá, blá, blá: caso típico de espaço
craniano disponível inferior a 1 nanómetro cúbico!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário