Das coisas mais desconcertantes da humanidade é a existência do sentimento que lhe diz o que é bom e o que é mau, eticamente certo ou errado, do agrado ou desagrado de Deus para os crentes, e que condiciona todo o comportamento. Nenhuma outra criatura, além do homem, está sujeita a tal influência nos seus actos. São os valores, diz-se; valores que levam a matar e até a morrer heroicamente, não para proteger o próximo, mas uma ideia, um estilo de vida, uma doutrina social, uma religião.
A convicção de alguns é que tal sentimento é sempre de origem religiosa, seja a religião revelada, ou resulte da sedimentação de tradições culturais. Até nos que se dizem ateus seria a raiz religiosa a determinante dos valores.
É provável que não seja assim e os valores constituam um
fenómeno puramente biológico, extremamente importante quando não são respeitados,
tal como o alimento ganha transcendente importância quando é negado, frequentemente
com dimensão não proporcional ao mal que daí resulta. Em qualquer dos casos, pode
haver condicionamento pela memória histórica de situações em que o desrespeito
pelos valores levaram a situações de insuportável desconforto social e comprometimento
da sobrevivência. A observância das normas decorrentes dos valores, seria assim
um acto de adaptação ao meio, em que sobrevivem
os mais aptos, ou seja, os que respeitam normas sociais correctas.
Filosoficamente, é matéria complicada, susceptível de
muita controvérsia, com campo de manobra para concepções conflituantes, religiosas,
biológicas, sociológicas e por aí fora. Bom tema para tratar à hora da digestão, sem dúvida!
...
Sem comentários:
Enviar um comentário