sexta-feira, 11 de maio de 2012

NEM MALTHUS SUSPEITAVA

Lá vai o tempo em que a evolução demográfica nos quatro cantos da Terra se fazia a passo de caracol. Mesmo quando Malthus começou a falar da superpovoação do planeta e da escassez de bens daí resultante, não imaginava ele o que aí vinha. O problema actual, que se põe sobretudo na Ásia, é ainda mais complicado do que Malthus previa. Para uma visão “em relâmpago” do que se passa, transcrevo alguns números tirados do livro “Aging in Asia: Findings from New and Emerging Data Initiatives”, editado pela National Academy of Sciences americana.

O estudo diz respeito a um período que começa em 1950 e se estende até 2050 (sendo os últimos dados prospectivos) e inclui a China, a Índia, a Indonésia e o Japão. Nos três primeiros países, a esperança de vida era de 30 anos em 1950. Nos 60 anos seguintes, passou para 70 na China e na Indonésia, e para mais de 60 na Índia. O Japão partiu de valor mais alto – 60 anos –e atingiu agora a idade de mais de 80 anos, uma das mais altas do mundo. As projecções prevêm que na, China e Indonésia, se chegue ao 80 anos em 2050, quase o triplo de um século antes.
Mas há outro aspecto ainda mais importante que este para efeitos demográficos, a natalidade. Em 1950, a fertilidade média na China, Índia e Indonésia, era de 6 filhos por mulher. Nos anos seguintes declinou de forma dramática até ao ponto de atingir nível ligeiramente inferior ao de substituição, ou seja, o equivalente a menos de dois filhos por casal. A descida foi notória na China, consequência em parte de limitações legais, que não terão tido muita influência nesta evolução, ao contrário do geralmente admitido. No Japão, a variação da fertilidade foi bastante mais pequena.
Da conjugação dos dois fenómenos, aumento da esperança de vida e diminuição da natalidade, o envelhecimento é geral e assustador. A assistência médica e a segurança social, que garantiram esta evolução nos últimos 60 anos, geraram um quadro que agora não conseguem sustentar sem grandes reformas, muito difíceis de conceber e implantar no campo. Não há dúvida que as leis do universo são de tal natureza que é muito difícil levar longe toda a iniciativa que vá contra a sua tendência. Só com muita fé, muita coragem e muito optimismo se vai resistindo  à sua ditadura.
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