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Na acusação ao inefável Silva Carvalho, ex-director dos SIED, a procuradora do Ministério Público refere a existência de um ficheiro contendo dados do smartphone do espião, com informações pessoais de personalidades da vida nacional – desde a cor política, até à orientação sexual e relações amorosas. A pergunta é: Silva Carvalho é um tipo sinistro e perigoso? A resposta é: não é.
Silva Carvalho é outro Otelo, “versão menos conversa” mas igualmente infantiloide, que viu muitos filmes de espiões na juventude. Tal como o ex-comandante do COPCON veio a participar em reuniões com toda a gente mascarada, num arremedo de etarras, Carvalho era da Loja Maçónica Mozart, onde se usam mais aventais, colares e outras ridicularias.
Nos filmes que Carvalho via, entravam personalidades que
dominavam o mundo com o que espreitavam pelo buraco da fechadura. Inteligências da
sombra que dominavam a luz e o Sol do planeta. Carvalho gostava e aspirava ao
trono de rei da penumbra intriguista e dominadora. Imaginava-se no último lugar
do banquete dos poderosos a saborear, não as vitualhas, mas a sensação de os ter
a todos no papo, ou no smartphone neste caso.
A Ongoing não era a teta onde ganhava 20.000, porque isso não interessava. A Ongoing era a prova do bom caminho: o domínio dos
segredos para que todos um dia viessem comer na sua mão.
Uma lástima deplorável porque ainda vai levar algum tempo
até que haja consenso sobre a sua inimputabilidade. Uma criança a brincar
aos espiões. Só isso.
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