O Zezito, epistoleiro
contumaz, escreveu uma carta a António Campos hoje publicada no site da SIC Notícias. Li em diagonal—foi
mais na vertical, para ser franco—porque não possuo robustez física para mais, não
obstante os progressos do meu fitness,
graças ao competente apoio da personal
trainer do ginásio que frequento. Mesmo assim, chegou para poder avisar os
leitores do perigo que correm se facilitarem e lerem a peça toda, puro lixo
tóxico. Só um parágrafo me enterneceu. Reza assim:
[...] Este é, portanto, o verdadeiro facto novo: depois de tanta busca, de
tantas escutas, de tantos interrogatórios, depois até da resposta à carta
rogatória, a investigação não só não prova nada do que afirma, como provou
exactamente o contrário: que o dinheiro pertence a outro ou a outros, que não é
meu nem nunca foi e que não posso, nem alguma vez pude, dispor dele.
[...]
Óh égua: não posso, nem alguma vez pude, dispor dele.[...]
Esta agora!
É disso mesmo que a gente
se queixa: dispunha dele mais do que eu disponho do ar que respiro. Segundo as
escutas, era só telefonar ao amigo e mandar entregar um bocadinho daquilo que gosta
muito, se possível em cash, numa mala
ou em envelopes porque não confiava nos bancos. E não havia recibos ou papeis e não ficava nada registado—nem atrás da porta. Talvez numa pedra de gelo, penso
eu. E como a memória nos atraiçoa a todos, Zezito e amigo incluídos, nem um
nem outro se lembra quanto transitou naquela correnteza de malas e envelopes.
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