Uma das coisas traiçoeiras na vida moderna é a Internet,
onde cada um pode escrever o que lhe dá na real gana, deturpando, plagiando,
aldrabando e asneando. O problema é que pouca gente tem noção disto e é vulgar
tomar por boas algumas trampas que circulam na rede, especialmente em emails. Cair no logro é fácil e já me aconteceu, apesar de ter o
cuidado de procurar confirmar os factos dentro das possibilidades ao alcance de
um modesto mortal.
Lembrei-me disto porque recebi hoje um email—pela enésima vez—com uma citação de Marcello Caetano que é "martelada". Para começar,
transcrevo a dita citação—não apócrifa—tirada do livro "Marcello Caetano—Confindências
no Exílio", de Joaquim Veríssimo Serrão. Reza assim:
Sem o Ultramar, estamos reduzidos à indigência, ou seja,
à caridade das nações ricas, pelo que é ridículo continuar a falar de
independência nacional. Para uma nação que estava em vésperas de se transformar
numa pequena Suíça, a revolução foi o princípio do fim. Restam-nos o sol, o
turismo, a pobreza crónica e as divisas da emigração, mas só enquanto durarem.
As matérias-primas vamos agora adquiri-las às potências que delas se apossaram,
ao preço que os lautos vendedores houverem por bem fixar. Tal é o preço por que
os Portugueses terão de pagar as suas ilusões de liberdade.
Na versão que circula na Net, tudo que se segue ao início
da frase " Restam-nos o sol, o turismo..." é apócrifo. Cuidado
portanto com os "bitaites" da rede, especialmente quando citam políticos,
escritores, e outra gente importante: pé atrás, como a imagem do Senhor dos
Passos.
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(Com colaboração de Eduardo Corvo)
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(Com colaboração de Eduardo Corvo)
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