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O universo tem 13,7 mil milhões de anos; o Sol, o Sistema
Solar e a Terra cerca de 4,6 mil milhões, mais coisa menos coisa; a vida no
planeta perto de 4 mil milhões e o Homo
sapiens quase 200 mil anos. O Sol acabará—por falta de "gasolina"—daqui
a 6 mil milhões e a vida na Terra pouco antes (relativamente).
Chamo a atenção para o facto de que a jornada entre a primeira
célula viva e o Homo sapiens durou
menos de 4 mil milhões de anos e este tem pela frente, pelo menos, outro tanto de
esperança de vida—muito tempo!
Postas as coisas assim, a pergunta é: se entre as
primeiras células e o Homo sapiens
actual houve evolução contínua, vai essa evolução parar na "maravilha"
que julgamos ser agora, ou seremos no futuro uma maravilha ainda maior? (Temos mais
4 mil milhões de anos para mostrar o que valemos)
É uma grande pergunta esta e seria ainda maior se fosse
minha. Infelizmente, não—foi o professor de Cosmologia Martin Rees, Presidente
Emérito da Royal Society, astrophysics mastrer no Trinity College de Cambridge e autor do
livro "Our Final Century: The 50/50 Threat to Humanity's Survival", que a fez. Uma pena porque perdi a oportunidade de mandar o bitaite da minha
vida.
É bem provável que estejamos a menos de metade do que
evoluiremos até sumirmos. A evolução tecnológica faz parte integrante do
desenvolvimento do homem e não há meio de a parar. Basta pensar na fertilização
de óvulos humanos in vitro e das
"barrigas de aluguer", para prever o que aí vem. Na
Inglaterra foi oficialmente aprovada a lei que permite gerar seres humanos
filhos de três progenitores: o pai que dá o espermatozóide, a mãe que dá o
óvulo, e uma segunda mãe que dá o ADN mitocondrial. Isto—agora meio de evitar doenças genéticas—será muito em breve forma de fazer filhos por
encomenda: com olhos azuis talvez, cabelo encaracolado, nariz egípcio e...,
sabe-se lá, orelhas de camurça. O problema tem implicações biológicas e filosóficas, mas
sobretudo teológicas. Isto é, qual é o homem de que fala a Teologia: o constituído
pelos fósseis encontrados em Omo, na Etiópia, com quase 200 mil anos; nós,
cidadãos da Terceira República Lusitana, gerada no ventre do Dr. Soares; ou o Homo cosmologicus que aí vem, com
orelhas de camurça e nariz maior que o do Zezito?
O que dizem as Escrituras refere-se a que homem? Ao
actual, ao futuro, ou a todos? Se a todos, é difícil perceber como serão
julgados os que viveram antes das revelações dos profetas e os que têm, ou
terão, genoma manipulado pelos pais e configuram filhos de Deus enviesados. Acabei
de escrever a 452ª palavra deste texto e já ultrapassei o limite de pachorra dos
mais pacientes—por isso, calo-me. Até ao próximo. Haverá mais!
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