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A antiga Grécia é hoje considerada
universalmente inventora da democracia. Foi o que Nóvoa chamaria a Mátria da
democracia—há 2.500 anos. Mas, de lá para cá, deu muitas voltas e as
democracias ocidentais actuais só vagamente se parecem com ela.
Apenas tinha direito a voto
um restrito número de homens residentes em Atenas—as mulheres não votavam. Votar
exigia muito tempo aos que o faziam, com prejuízo da actividade profissional.
Além disso, tinham também de ir a Pnyx, para participar nas reuniões da
Assembleia, e ainda integrar júris nos tribunais. Tais inconvenientes
eram, contudo, mitigados pelo facto de muitos desses democratas terem ao seu
serviço um bom número de escravos(!).
Assim, a antiga democracia
ateniense não corresponde bem à ideia que hoje temos de tal regime, com igualdade e fraternidade. Era mais um
clube restrito e selecto que beneficiava das receitas de largo império cujas
riquezas eram material transfusional para a cidade (!).
Em contrapartida, quando o
cidadão participante na Assembleia votava na decisão de fazer a guerra, por
exemplo, não ia para casa, deixando a tarefa de combater a um exército
profissional: ia a casa pegar nas armas e partia para o campo de batalha—não
era mal pensada esta.
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