quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

HISTÓRIAS DA HISTÓRIA


[...] Álvaro Gonçalves Pereira, prior do Crato, altamente considerado por três monarcas sucessivos, D. Afonso IV, D. Pedro e D. Fernando, teve de algumas esposas, com quem sucessivamente casara, trinta e dois filhos, dos quais na ocasião do seu falecimento ainda viviam dez filhos e dez filhas. Nuno Álvares, nascido a 24 de Janeiro de 1360, trigésimo filho, foi educado na quinta do Bom Jardim junto à vila da Sertã e marchou, na idade de treze anos, para a corte de D. Fernando, acompanhando, já então, seu pai para a guerra contra Castela. [...]
[...] Assim como o condestável sabia atrair e prender a si os seus soldados (parecendo neles absoluta obediência o que era dedicação voluntária), mostrando-se rígido contra aqueles que olvidavam os seus deveres e muito mais rígido ainda contra os sacrílegos e blasfemos; assim era também em sua casa amável e benevolente, olhando com severidade pelo tocante à boa ordem e à piedade. Na campanha costumava deixar aos seus companheiros todos os despojos, reservando para si a fama do mais absoluto desinteresse; em tempo de paz, era, em alto grau, caritativo, habituado a distribuir pelos pobres anualmente a décima parte de todos os seus rendimentos e salários. [...]
[...] De uma lealdade inalterável para com sua esposa Leonor de Alvim e de uma cristalina pureza de acções durante o tempo do matrimónio, como antes dele, foi igualmente pai carinhoso. Álvares Pereira teve a dor de ver sucumbir sua única filha (dois filhos tinham já falecido), a sua Brites, casada, desde 1401, com Afonso, filho natural do rei, conde de Barcelos e primeiro duque de Bragança. Deste matrimónio resulta oriunda a antiga casa cujos descendentes deveriam um dia subir ao trono português.

In História de Portugal
por Henrique Schæfer
Vol. I, pag. 194 e 199

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