terça-feira, 8 de dezembro de 2009

À NOSSA SAÚDE

Ouvi hoje uma conferência de António Barreto sobre a assistência médica em Portugal nas últimas décadas. Gostaria de possuir o texto integral porque é uma peça que valia a pena publicar na totalidade e, infelizmente, a minha memória, gasta pela idade, não me permite sequer fazer um resumo que valha a pena ler. Mas gostaria de recordar um aspecto.
Depois de referir os números que permitem constatar o progresso quantitativo verificado na capacidade assistencial dos serviços, demonstrou que isso se reflectiu na qualidade, expressa nos principais indicadores sanitários. E chamou a atenção para a singularidade disto no nosso País, ao comparar a Saúde com a Justiça e a Educação onde, a grandes investimentos financeiros e em estruturas e pessoal, não se seguiram as esperadas melhorias qualitativas. Antes pelo contrário, digo eu.
E listou as principais razões prováveis para a diferença entre a Saúde e as outras áreas. Destaco uma por me parecer a mais importante. Segundo António Barreto, os agentes da Saúde, malgrado a existência de franjas ávidas de proventos e pouco observadoras dos bons costumes, regem-se ainda, na sua maioria, estritamente por normas técnicas baseadas no método científico e por princípios éticos de respeito pelo doente, dedicação ao trabalho e espírito de sacrifício. Tais condições tornam a sua prática pouco penetrável a influências políticas ou filosóficas, provavelmente os principais factores de perturbação na Educação e Justiça.

Gostei de ouvir um sociólogo dizer isto e não se coibir de apontar o efeito perverso de teorias não científicas em pilares da administração. Há muito que penso assim e é agradável ouvir o que pensamos da boca de quem sabe.

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