O relógio, como muitas coisas que se usam com propósito funcionalmente útil, seja o chapéu, o cinto, ou os óculos, transformou-se num objecto de adorno e símbolo de status social. Inicialmente, o que caracterizava o relógio de qualidade era a precisão, aliada ao design artístico, ao tipo dos materiais incorporados e ao trabalho artesanal usado no fabrico. Com a chegada dos mecanismos de quartzo, a precisão ficou ao alcance de qualquer máquina de 15 ou 20 €, deixando de ser propriedade exclusiva do luxo. Pelo contrário, grande parte dos relógios de prestígio mantêm máquinas accionadas por molas, ou “cordas”, que não têm o rigor de um Timex electrónico. Quem compra um relógio caro, paga eventualmente algum bom gosto e, sobretudo, muita imagem de marca, na maior parte das vezes por um preço escandaloso.
Vem isto a propósito da procura de relógios Jorg Gray nos Estados Unidos. O cronómetro Jorg Gray 6500, feito no Japão pela Citizen Watches, funciona com uma pilha, tem mostrador preto, custa cerca de 280 €, e não tem nada para justificar a corrida às relojoarias que se verifica actualmente. Excepto...
Os primeiros cinquenta Jorg Gray 6500 foram fabricados há dois anos para membros dos Serviços Secretos americanos. Tinham a característica de ter estampado no mostrador o logotipo daqueles serviços. Quando o candidato presidencial Barack Obama fez 46 anos, foi presenteado com um daqueles cronómetros, com o texto que se vê na figura gravado na parte posterior. Desde aí, deixou de usar o TAG Heuer habitual e apareceu com o novo relógio quando aceitou a nomeação democrática em Denver, quando fez o discurso da vitória na noite da eleição em Chicago, no baile do dia da posse, na cimeira do G20 em Londres, e em muitos outros actos oficiais. O Jorg Gray 6500 passou a ser o relógio do homem mais poderoso e conhecido do mundo. Não é pouca coisa em termos publicitários. Daí a loucura na busca da "cebola".
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário