sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"SERENDIPTY" E SERENDIPTADA

A rábula de que Newton teria descoberto a lei da gravidade quando foi atingido na cabeça por uma maçã caída da árvore é isso mesmo: uma rábula. Não é verdadeira, mas a história contada pelo próprio é a de que viu cair uma maçã quando observava a Lua e, nesse momento, teve a ideia de que a força exercida sobre o fruto também atraía a Lua e a mantinha em órbita à volta da Terra. Daí deduziu a lei da gravitação universal.
Em 1928, Alexander Fleming, microbiologista britânico, deixou algumas placas de Petri, com culturas de bactérias, destapadas. As culturas foram acidentalmente colonizadas por fungos e Fleming verificou que nos locais dos fungos, e numa área em redor, as bactérias não se desenvolveram. Teve a inspiração de suspeitar da possibilidade de os fungos produzirem alguma substância que impedia a multiplicação bacteriana. Com ajudas várias, conseguiu demonstrar que o fungo, o Penicillium notatum, produzia penicilina, o primeiro antibiótico usado na clínica e ponto de partida para nova era da Medicina. Pela descoberta, Fleming receberia o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia em 1945.
A Ciência, e não só (praticamente toda a actividade diária e banal), está cheia de descobertas acidentais. Não tenho dados para afirmar o que vou dizer, mas estou convencido que as grandes descobertas da humanidade foram feitas por acaso. Isto porque considero dois graus no avanço do conhecimento.
Imagine-se um caminho ascendente em que há rampas planas de inclinação suave separadas por degraus altos, a pique. A subida de tal caminho compara-se ao progresso científico. Os degraus, a achados que revolucionam a Ciência, a História, ou o que quer que seja; e os planos a progresso feito explorando tais achados. Pois os degraus, acho que são todos ultrapassados por acaso, fruto de observações inspiradas, mas acidentais, de gente com génio.

Aliás, a ideia vem de longe e já deu origem a um neologismo. A antiquíssima história persa “Os Três Príncipes de Serendip” conta a capacidade dos protagonistas realizarem descobertas acidentalmente e Horace Walpole, escritor, político, matemático, músico e aristocrata inglês do Século XVIII, em 1754, numa carta a um amigo, cria o termo serendipty para classificar as descobertas por acaso. O termo viria a ser usado universalmente, embora sem tradução em parte alguma segundo penso, apesar da frequente utilização. Por isso, o blog “O Dolicocéfalo”, do alto da sua insignificância, lança a proposta de traduzir para português como "serendiptada"!!!



Nota - Serendip é o antigo nome árabe do Ceilão, ou Sri Lanca

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