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Estamos na época do Natal, quando a "Estrela de Belém" é frequentemente recordada. A descrição da estrela é da autoria de Mateus, no Capítulo 2 do seu Evangelho, referindo o papel que teve na orientação dos Reis Magos. Há divergências sobre se os conduziu directamente até Jesus, ou se os levou primeiro ao contacto com Herodes. É matéria biblicamente complicada e polémica de que não vamos ocupar-nos. Falaremos apenas, sinteticamente, sobre o que terá sido o fenómeno astronómico conhecido pela designação de "Estrela de Belém".
Antes, é preciso esclarecer que a cronologia do que terá acontecido na Judeia não é tão simples e linear como surge nos textos actuais, nada acontecendo com a continuidade e ritmo que neles são sugeridos: horas ou dias podem ser anos. Finalmente, digamos que se designava por estrela muitas coisas, incluindo planetas, cometas, meteoros e mesmo fenómenos astrológicos, como a visibilidade de astros habitualmente não observáveis, ou as conjugações de planetas de que falaremos à frente. Por outro lado, era comum interpretar fenómenos astronómicos como anúncio do nascimento de reis.
- Nesse sentido, a primeira hipótese é a de a "Estrela de Belém" se referir à tripla conjugação de Júpiter e Saturno ocorrida por três vezes no ano 7 AC. A conjugação consiste na aproximação não usual de planetas e, na realidade, nesse ano ocorreram três conjugações de Júpiter e Saturno, em Maio, Setembro e Dezembro.
- No ano 6 AC houve uma conjugação de três planetas, Júpiter, Saturno e Marte.
- Nos anos 5 e 4 AC, foram observados vários cometas.
- Também no ano 5 AC ocorreu a explosão de uma estrela (nova).
- Já era por vezes possível observar Urano, que ainda não tinha sido descoberto oficialmente.
- E, como é natural, devem ter sido observados muitos meteoros, algum ou alguns, eventualmente com características pouco usuais.
Podia ainda referir-se outros fenómenos celestes ocorridos na época, mas a verdade é que há enormes dúvidas sobre o que foi a “Estrela de Belém” referida por Mateus. É possível que o evangelista não se referisse literalmente a uma estrela, mas usasse apenas uma figura literária, ou melhor ainda, uma figura de retórica teológica. Seja como for, a história tradicional que se popularizou não corresponde minimamente a nenhuma das interpretações históricas conhecidas.
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