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Num inquérito feito a 829.000 estudantes de escolas
secundárias dos Estados Unidos, 0% consideraram-se abaixo da média intelectual,
60% nos 10 por cento acima da média, e 25% no 1 por cento dos melhores.Quando comparados com os nossos semelhantes, a maioria de nós acha-se mais inteligente, com melhor aspecto, eticamente mais perfeito, mais saudável e com probabilidade de viver até mais tarde - facto ilustrado pelo marido que diz à mulher: se um de nós morresse, ia viver para Paris.
Estatisticamente, isto chama-se viés, neste caso viés em
self-service. Viés é a tendência de apresentar uma perspectiva parcial, tipo
lagartada a dizer que o Sporting é o maior porque ganhou ao City.
O viés conduz ao erro sistemático, omnipresente na vida.
Se há sucesso, tal deve-se à nossa qualidade; no insucesso, a sorte abandonou-nos,
ou alguém nos prejudicou. Os melhores exemplos observam-se no desporto, quando
a derrota é atribuída ao “azar” da bola que bateu na trave, ou ao árbitro que
julgou mal, mas ocorrem diariamente quando falamos de políticos, banqueiros e
gestores, muito inferiores a nós eticamente; quando somos ultrapassados por
outro “que tinha cunhas”; ou quando batemos com o carro no carro dum condutor “que
era um nabo”.
O viés self-serving é parente próximo do optimismo tipo Sócrates,
verdadeira desgraça nacional; e, quando colectivo, conduz às maiores tragédias,
ilustradas pela Alemanha hitleriana. Ter consciência de que existe e afecta todos
gera humildade e permite afirmar qualidades genuínas; as nossas e as dos
outros. É baril.
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