quinta-feira, 8 de março de 2012

O VIÉS NOSSO DE CADA DIA

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Num inquérito feito a 829.000 estudantes de escolas secundárias dos Estados Unidos, 0% consideraram-se abaixo da média intelectual, 60% nos 10 por cento acima da média, e 25% no 1 por cento dos melhores.
Quando comparados com os nossos semelhantes, a maioria de nós acha-se mais inteligente, com melhor aspecto, eticamente mais perfeito, mais saudável e com probabilidade de viver até mais tarde - facto ilustrado pelo marido que diz à mulher: se um de nós morresse, ia viver para Paris.
Estatisticamente, isto chama-se viés, neste caso viés em self-service. Viés é a tendência de apresentar uma perspectiva parcial, tipo lagartada a dizer que o Sporting é o maior porque ganhou ao City.
O viés conduz ao erro sistemático, omnipresente na vida. Se há sucesso, tal deve-se à nossa qualidade; no insucesso, a sorte abandonou-nos, ou alguém nos prejudicou. Os melhores exemplos observam-se no desporto, quando a derrota é atribuída ao “azar” da bola que bateu na trave, ou ao árbitro que julgou mal, mas ocorrem diariamente quando falamos de políticos, banqueiros e gestores, muito inferiores a nós eticamente; quando somos ultrapassados por outro “que tinha cunhas”; ou quando batemos com o carro no carro dum condutor “que era um nabo”.
O viés self-serving é parente próximo do optimismo tipo Sócrates, verdadeira desgraça nacional; e, quando colectivo, conduz às maiores tragédias, ilustradas pela Alemanha hitleriana. Ter consciência de que existe e afecta todos gera humildade e permite afirmar qualidades genuínas; as nossas e as dos outros. É baril.
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