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Antes e depois
(Christine Lagarde, no tempo da primeira fotografia, praticava natação sincronizada com um ridículo clip no nariz)
Christine Lagarde, Directora do Fundo Monetário
Internacional, conversou com a jornalista Decca Aitkenhead, do “The Guardian”,
e disse muitas coisas, algumas polémicas. O principal foi isto:
P - Quando estuda o orçamento dos gregos e pede medidas
que podem significar partos sem parteira, doentes sem medicamentos, velhos a morrer
sozinhos e sem assistência, esquece isso e só olha para os números?
R - Não, mas penso mais nas crianças duma pequena escola
do Níger, três sentadas em cada banco, com aulas só duas horas por dia e
desejosas de aprender. Penso nelas a toda a hora porque acho que precisam mais
de ajuda que as pessoas de Atenas. No que respeita a Atenas, também penso nas pessoas
que a toda a hora fogem ao pagamento dos impostos
P - Mesmo mais do que nos que lutam para sobreviver sem
trabalho e sem serviços públicos?
R - Também penso neles e acho que deviam ajudar-se
colectivamente.
P - Parece estar a dizer aos gregos e a outros povos da
Europa: tiveram belos dias, mas agora é a altura de pagar.
R - É verdade. Sim.
Aqui está a substância. O resto é palha; ou quase. É
discutível a substância? Claro que é porque tudo é relativo. A situação em
Portugal é má? Está na cara que é; mas na Grécia é pior. É muito má na Grécia?
Quase péssima, mas no Níger é mesmo péssima. E no Benin, na Etiópia, em
Moçambique? Não me falem: pior que péssima. É a relatividade.
O Fundo de que Lagarde é directora chama-se
internacional. Tem um ângulo de visão de 360 graus. Para a perspectiva do FMI,
a Europa representa para aí 20 ou 30 graus do problema. Lagarde está mais
preocupada com outros 300 graus, ou mais – voilá!
Não façamos drama com a Europa. A Europa está mal porque,
não sendo burra, se comporta como burra. E também como incauta. E galdéria. E
fútil. E blá, blá, blá. Não há pachorra!
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