Na sua crónica
semanal no "Diário de Notícias", escreve Anselmo Borges a folhas
tantas: "Embora a culpa não seja dele, será igualmente necessário estar
atento para o perigo real de o encandeamento provocado pela figura de Francisco
e até algum populismo e culto da personalidade apagarem a lúcida e necessária
capacidade crítica".
É indiscutível que
o novo Papa trouxe uma imagem nova ao Catolicismo, arejando o mofo e o bafio do
Vaticano, rompendo com práticas e tradições à margem da filosofia Cristã,
aproximando-se das pessoas, acabando com a pompa e tradições mais ou menos "monárquicas"
do papado; e isso explica em grande parte a sua popularidade.
Mas, há dias, escrevia
Olivier Bobineau, no jornal
"Le Monde", o seguinte: [...] "Todos reconhecem que o sucessor
de Pedro está em vias de operar uma mudança importante na Igreja Católica"
[...] "O nosso ponto de vista é
contrário a tal ideia. Do ponto de vista estrutural, nenhuma mudança é de
esperar. O estilo novo e a 'mise en scéne' são parte de um método de argumentação
teológica muito antigo, desenvolvido nomeadamente pelos jesuítas: a casuística" [...].
E explica depois do que se trata: em resumo, digo eu, mudar todo o acessório
para que o fundamental fique na mesma.
Isto é, não devem
os críticos do Catolicismo esperar novidades na ordenação das mulheres, no
casamento entre pessoas do mesmo sexo, no aborto, na administração dos sacramentos
a divorciados e casados de novo, no uso profiláctico do preservativo e por aí
fora.
O essencial não é discutível ou negociável. No máximo,
objecto de alguma—pouca!—tolerância. A filosofia Cristã do Século I dava mais
margem de manobra à tolerância do que a praticada no Século XXI. Para não
mencionar os séculos XI, XII e por aí fora, da Inquisição, das Cruzadas e
outras desgraças que primaram por inenarrável infelicidade religiosa.
O actual Papa, penso eu, além do referido, terá ainda—e
isso falta demonstrar—uma grande "arma" a usar: a aproximação ou abertura à Teologia
da Libertação.
.


Sem comentários:
Enviar um comentário