sábado, 3 de agosto de 2013

A CASUÍSTICA

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Na sua crónica semanal no "Diário de Notícias", escreve Anselmo Borges a folhas tantas: "Embora a culpa não seja dele, será igualmente necessário estar atento para o perigo real de o encandeamento provocado pela figura de Francisco e até algum populismo e culto da personalidade apagarem a lúcida e necessária capacidade crítica". 
É indiscutível que o novo Papa trouxe uma imagem nova ao Catolicismo, arejando o mofo e o bafio do Vaticano, rompendo com práticas e tradições à margem da filosofia Cristã, aproximando-se das pessoas, acabando com a pompa e tradições mais ou menos "monárquicas" do papado; e isso explica em grande parte a sua popularidade.
Mas, há dias, escrevia Olivier Bobineau, no jornal "Le Monde", o seguinte: [...] "Todos reconhecem que o sucessor de Pedro está em vias de operar uma mudança importante na Igreja Católica" [...]  "O nosso ponto de vista é contrário a tal ideia. Do ponto de vista estrutural, nenhuma mudança é de esperar. O estilo novo e a 'mise en scéne' são parte de um método de argumentação teológica muito antigo, desenvolvido nomeadamente pelos jesuítas: a casuística" [...]. E explica depois do que se trata: em resumo, digo eu, mudar todo o acessório para que o fundamental fique na mesma.
Isto é, não devem os críticos do Catolicismo esperar novidades na ordenação das mulheres, no casamento entre pessoas do mesmo sexo, no aborto, na administração dos sacramentos a divorciados e casados de novo, no uso profiláctico do preservativo e por aí fora.
O essencial não é discutível ou negociável. No máximo, objecto de alguma—pouca!—tolerância. A filosofia Cristã do Século I dava mais margem de manobra à tolerância do que a praticada no Século XXI. Para não mencionar os séculos XI, XII e por aí fora, da Inquisição, das Cruzadas e outras desgraças que primaram por inenarrável infelicidade religiosa.
O actual Papa, penso eu, além do referido, terá ainda—e isso falta demonstrar—uma grande "arma" a usar: a aproximação ou abertura à Teologia da Libertação.
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