sábado, 10 de agosto de 2013

PARTIDO DO DESPREZO

.

Anselmo Borges, na sua crónica no "Diário de Notícias" de hoje, fala da política em abstracto e termina assim:

[...] E haveria um teste poderoso, que eu sei que é perigoso e não aplicável. Mesmo assim, de vez em quando, surge a tentação. Nas eleições, os votos em branco traduzir-se-iam, segundo a lei da proporção, em cadeiras vazias no Parlamento. Seria o "partido da cadeira vazia". Poupava-se dinheiro e retórica de sofistas, inútil e manhosa.

Do ponto de vista do Direito Constitucional, tal proposta deve ser um aborto jurídico impraticável. Mas que a ideia é boa, isso é—porque seria a forma clara e expedita do cidadão dizer o que acha dos políticos e da política vigente. Muitos eleitores que votam num partido exclusivamente para escolher o mal menor e não deixar aos outros a capacidade de decidir por eles (apesar de tal voto não constituir escolha satisfatória), teriam a possibilidade de exercer uma abstenção activa e didáctica. 
A imagem do Parlamento com o partido da cadeira vazia maioritário obrigaria os políticos que temos—espero—a reflectir. Não sei se se emendariam porque a cara de pau é a regra. Mas ficavam condenados a conviver diariamente com as cadeiras vazias do partido a que chamaríamos do desprezo (PD).  
.

1 comentário: