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Extremófilos,
o que significa literalmente "amantes de ambientes com condições extremas",
são seres que vivem em ambientes que consideramos de grande hostilidade
biológica. Por exemplo, o micro-organismo Geogemma barossii sobrevive a temperaturas de 120 graus Celsius,
enquanto outros micróbios continuam com actividade metabólica normal nas
camadas geladas da Sibéria, a 20 graus negativos. A bactéria Deinococcus radiodurans mantém-se viável após exposição a doses de radiação
mil vezes superiores à dose letal para o homem e o micróbio Ferroplasma acidarmanus pode suportar meios com pH tão baixo como 0.
Na realidade, a designação de extremófilos é tipicamente
humanocêntrica porque, do ponto de vista microbiocêntrico, nós também somos
extremófilos. Porquê?!!!... Porque, por exemplo, eles não sobrevivem numa suite climatizada do Hotel Ritz e
preferem o gelo da Sibéria, a vizinhança dum vulcão, ou um habitat com intensa
radiação ionizante.
Cada um é como é; e a variedade de comportamentos
bioquímicos tão diversos reflecte milhares de milhões de anos de adaptação e diferenciação—de evolução em
última análise. É curioso como, em quase tudo em que se pega e diz respeito à
vida, vamos sempre parar a Darwin.
Quando hoje se fala de alienígenas, ou da existência de
vida extraterrestre, estamos quase sempre agarrados a um conceito de vida
limitado. Quando pasmamos com o que vemos no nosso planeta, fica claro que não
estamos preparados para eventuais formas de vida mais exóticas ainda que os
chamados extremófilos.
O primeiro facto embaraçoso quando nos metemos em
conjecturas extra-terrestres é que, em boa verdade, não sabemos muito bem o que
é vida. Aristóteles dizia que era uma coisa que cresce, se nutre e reproduz. Não está muito mal. Afinal, depois
dele não adiantámos muito. Schrödinger que era físico, meteu-se numa
embrulhada de termodinâmica e entropia e ficamos todos como antes. Para
simplificar, há quem resuma a resposta à capacidade de reprodução. É simples,
acerta quase sempre, mas tem lacunas. Caricaturando, pode dizer-se que as mulas
não se reproduzem porque são estéreis e são seres vivos. E o fogo reproduz-se e
não vive. Ou vive?—já não sei!
Procurar vida alienígena, afinal, não é simples. Não é
não senhor. Pela singela razão de que não sabemos do que andamos à procura. Já
viram? Óh égua!...
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