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A Ministra da Justiça que há dois dias eu dizia ser escopeta de pederneira de carregar pela boca, enganou-me
bem: afinal, a senhora é canhangulo, também chamado esperapoco, a tender para a clava
ou porrete, igual ao Dr. Soares. Como se lê na imagem em cima do "Observador", a tutelar da pasta da justiça—com minúscula (o jornal
lá sabe porquê)—acha que as drogas leves podem ser negócio rentável para o Estado.
Segundo leio nos comentários da notícia, parece que Portugal já produz droga
para a exportação, à semelhança do que faz o Afeganistão e outros países
avançados com o ópio. Sendo assim, porque estamos a atravessar grave crise
económico-financeira e temos de lançar mão a todos os recursos para equilibrar
o Orçamento do Estado, a ideia afigura-se catita.
É claro que há aspectos a afinar, o que exige trabalho de
casa. Por exemplo, qual o IVA a cobrar neste caso: 6%, ou menos? Considerando
que o cidadão normal para injectar um medicamento tem de pagar 0,5 € por cada
seringa e o toxicodependente não paga nada pela mesma seringa para se drogar,
acho 6% de IVA excessivo nas drogas leves—devia ser zero para sermos coerentes,
circunstância em que a rentabilidade referida por Sua Excelência seria inferior
ao estimado. É claro que há sempre uma solução feliz nestes casos: isenta-se o
drogado do IVA e aumenta-se o imposto nos medicamentos, por exemplo, para a
hipertensão, para o Parkinsonismo, para a epilepsia e coisas semelhantes porque
ninguém autorizou as pessoas a sofrerem de tais enfermidades e quem não tem
dinheiro não tem vícios—toma!
Naturalmente, como a droga leve vai ser de venda livre,
não necessitando de prescrição, a indústria farmacêutica terá de apresentar
o produto aos seus clientes de forma directa—porque haverá várias marcas e concorrência
necessariamente. Tal implica a admissão de delegados de informação médica
especializados no ramo—de preferência também toxicodependentes porque não há
nada como a experiência—o que se afigura maneira excelente de criar postos de
trabalho e combater o flagelo do desemprego.
Finalmente, o País adquire um know-how que pode depois
exportar para a República Centro-Africana, para o Botswana, para o Burundi,
para o Zimbabué e, quem sabe, para o Estado Islâmico.
Ganda Paula!...
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